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Cozinhe sua preguiça — e um homus de lentilha vermelha — com a chef do Chou

Gabriela Barretto cultiva a simplicidade nas receitas temperadas com ervas, especiarias e fogo do livro Como Cozinhar Sua Preguiça

Gabriela Barretto e o fogo (foto: Como Cozinhar Sua Preguiça)
Gabriela em foto do livro Como Cozinhar Sua Preguiça

 

Gabriela Barretto estudou gastronomia em Paris, apaixonou-se pelo fogo em uma road trip para a Patagônia e mantém um pé bem fincado na terra do interior de São Paulo. Em seu restaurante na capital paulista, o Chou, quem se sobressai é a matéria-prima em preparações despojadas mas ponderadas. “A simplicidade muitas vezes é mais preciosa que o complicado”, diz Gabriela.

Criada na fazenda dos pais em Descalvado (SP), onde preenchia dias preguiçosos com leitura e cozinha, Gabriela estudou Letras antes de cursar a escola francesa de culinária Cordon Bleu. Hoje emprega com cuidado as palavras ao descrever criações culinárias como a batata rústica amassada com ovo, mostarda e manjerona. “Ninguém pedia quando ela se chamava salada de batata”, conta em seu livro recém-lançado, Como Cozinhar Sua Preguiça (Melhoramentos). “Mas mudamos o nome dela e agora as pessoas a adoram.” Já no caso do homus de lentilha vermelha, resolveu manter o nome mesmo depois de tomar uma bronca de um cliente que explicou que “homus” é a palavra árabe para grão-de-bico e portanto só pode designar pasta de grão-de-bico. “Nós, cozinheiros, nos apropriamos da tradição muitas vezes sem cerimônia nenhuma.”

Para ir direto à receita de homus de lentilha vermelha, clique aqui.

Com direção de arte do marido de Gabriela, Pedro Inoue, e fotos de Gui Galembeck, o livro reúne 51 receitas que pregam uma cozinha sem complicação, de poucos e bons ingredientes – “só prepare se conseguir botar as mãos em lagostins muito frescos”, diz a chef sobre um dos pratos. “Qualquer outra coisa não vale a pena”. As páginas abrem o apetite para cozinhar e comer bem, mas guardando tempo para ficar com amigos e família (Gabriela recentemente teve um bebê) – ou para fazer nada.

Conversei com a chef para a seção do Caderno de Receitas na revista L’Officiel. A seguir, publico trechos dessa entrevista e uma das receitas do livro.


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Como foi crescer em uma fazenda?
Meus pais tinham uma relação forte com a natureza. E, apesar de a fazenda não ser produtiva, para vender, tinha muita coisa plantada. Horta, muita fruta, abelha… . O leite vinha do vizinho. Então tive muito acesso ao produto vivo, ainda no solo, e isso ficou comigo para sempre. Gerou um respeito pelo ingrediente e vontade de trabalhar com ele no estado mais nu possível.

Beth, mãe de Gabriela, em foto tirada em Descalvado em 1983 (foto: Como Cozinhar Sua Preguiça)
Beth, mãe de Gabriela, em foto tirada em Descalvado em 1983

 

Cozinhava lá?
Como hobby. Não tinha muito o que fazer na fazenda. Era uma vida mais solitária, não tinha vizinho, outras crianças para brincar na rua, então eu tinha que me virar. Desde pequena pegava revistas da minha mãe e cozinhava.

No livro você também cita como influência uma viagem pela Argentina.
Ela teve um papel importante por causa da vivência do fogo. Eu tinha um namorado argentino e em 2004 a gente viajou para a Patagônia a partir de São Paulo, acampando no caminho. Todo dia fazia comida na fogueira, então aprendi a manusear o fogo e me surpreendi com a versatilidade dele. Não fazia só para grelhados, mas cozidos, ovo frito, linguiça, e ficava diferente, porque a fumaça é perfumada. A gente tinha poucos utensílios: uma panela, uma frigideira, um escorredor. Tentava improvisar o máximo com os poucos utensílios e com o que comprava na estrada. Comprava um pão, depois achava um salame e pensava no que fazer com isso. Essa descoberta de misturar o que achava e o método do fogo com certeza influencia o modo como cozinho.

Perdemos o contato com os elementos? Como reverter isso?
Por viver em cidades e cada vez mais voltados para o consumo de bens materiais e até de conteúdo, deixamos que a comida fosse terceirizada, que ela fosse feita por restaurantes ou corporações. Perdemos o contato direto com a alimentação, e isso desconecta de coisas importantes, como o respeito pelo animal que se come, e ficamos mais covardes, com medo da comida, de cheiros… Foi um papo que compramos das corporações: comida é perigosa. No pós-guerra, a indústria queria vender os enlatados feitos para a guerra e houve um trabalho de convencimento com dois argumentos: conveniência, “você não precisa mais ficar escrava do fogão”; e segurança, “nós sabemos o que estamos fazendo”. E a gente sempre soube fazer, aprendeu com nossas mães e avós. O que a gente pode fazer para se aproximar é se reapropriar da alimentação. Não talvez em todas as refeições, mas em parte delas tem que se envolver. É o caminho para comer melhor, cozinhar melhor, ser mais independente. Hoje isso está voltando um pouco, essa noção de que para ter qualidade de vida tem que se responsabilizar por partes da sua vida. A indústria não está preocupada com isso, quer vender.

O que é abraçar a preguiça ao cozinhar? No que isso é diferente de ter preguiça de cozinhar?
A preguiça é constante na minha vida. Tem a ver com dias preguiçosos sem muito o que fazer no campo. Mas sou meticulosa, tenho um trabalho enorme para fazer coisas do meu jeito. O que eu quis dizer é: tudo bem ter preguiça. É importante aceitar, abraçar o imperfeito. Muitas coisas de que gosto são super-simples. E essa simplicidade muitas vezes é mais preciosa que o complicado. E a preguiça ainda é um tabu. Eu e meu marido, a gente pensa muito nisso, que não precisa produzir mais, consumir mais. A gente quer voltar para o menos.

Quais são seus ingredientes preguiçosos favoritos?
A gente fazia piada de que tudo no Chou tinha limão ou hortelã. Na verdade, eu uso muitas especiarias e ervas. Quase todos os pratos têm uma ou outra ou várias delas. Agregam sabor e não precisam de processo complicado. Coentro, cominho, gengibre… Como matéria-prima, o ingrediente supremo do preguiçoso é macarrão. É das coisas que mais trazem conforto e mais fáceis de fazer. Não tem coisa melhor na vida que um macarrão simples, com um pouco de azeite e parmesão.

Quem são seus autores prediletos?
O título do meu livro é uma homenagem a Mary Frances Kennedy Fisher (autora de Como Cozinhar um Lobo). Com elegância ela fala dos assuntos mais profundos, como dor, solidão e fome de amizade, usando a comida. Além dela, Vladimir Nabokov – o que ele faz com a palavra é virtuoso. Dos brasileiros, Guimarães Rosa, que tem um lirismo que poucos têm e usa coisas simples e cotidianas.

RECEITA

Homus de lentilha vermelha
(do livro Como Cozinhar Sua Preguiça)

Homus de lentilha vermelha (foto de Gui Galembeck no livro Como Cozinhar Sua Preguiça)

Ingredientes
1/4 de colher de sopa sementes de cominho
250 gramas de lentilha vermelha
1 1/2 colher de sopa de pasta de gergelim (tahine)
1 dente de alho
Azeite de oliva extravirgem
Sal a gosto
1 limão tahiti
1 pitada de sumac (opcional)
Para servir:
Pão, cenourinhas e outros vegetais crus

Modo de preparo
Esquente as sementes de cominho em uma frigideira para liberar seus óleos essenciais. Em um pilão ou moedor de especiarias, pulverize-as até virarem pó. Reserve.

Cozinhe as lentilhas em água, seguindo as instruções do pacote, até ficarem macias. Escorra bem. No liquidificador ou em um processador de alimentos, processe a lentilha com o tahine, o alho, o cominho e um pouco de azeite. Tempere com sal e suco de limão a gosto.

Deixe na geladeira até esfriar. Na hora de servir, coloque um pouco de azeite de oliva por cima e polvilhe o sumac. Sirva com pão, cenourinhas e outros vegetais crus.


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Pipoca caramelizada da infância do chef Leo Paixão

Ovo de chocolate ao leite e pipoca doce: criação de Leo Paixão para a Sucré

Perdão pelo trocadilho, mas pipoca doce é uma paixão antiga do chef Leo Paixão. Ele aprendeu a preparar a guloseima ainda criança, com o pai. “Foi uma das primeiras receitas que fiz sozinho”, conta o chef. “As pessoas ficavam impressionadas, e eu gostava desse poder da gastronomia. Pensava: sou foda.”

Hoje à frente do restaurante de cozinha mineira contemporânea Glouton, de Belo Horizonte, Leo ainda se entrega à doçura crocante da pipoca caramelizada quando vai ao cinema. Vez ou outra, a usa como ingrediente — triturada sobre sorvete, por exemplo. Também a incluiu como recheio do ovo de Páscoa que desenvolveu para a Sucré Patisserie, de Fortaleza (Ceará).

O ovo estarão à venda pelo site da Sucré. A receita da pipoca doce, o chef compartilhou com a gente.

Ingredientes
1 xícara de açúcar
¼ de xícara de água
1 colher de sopa de manteiga com sal
½ xícara de milho para pipoca
1 colher de chá de extrato de baunilha ou as sementes de uma fava de baunilha

Modo de preparo
Em uma panela de fundo grosso, coloque todos os ingredientes em fogo brando e espere o açúcar caramelizar um pouco (só mexa com uma colher se ele começar a dourar). Antes de as pipocas estourarem, tampe a panela e reduza para o fogo para o mínimo, na boca de fogão mais fraca que houver. Mexa a panela (sem abrir a tampa) enquanto as pipocas estouram. Quando a maior parte do milho tiver explodido (os intervalos entre os estouros ficam mais longos), desligue o fogo e imediatamente espalhe as pipocas em uma superfície de pedra para esfriar. Quando estiverem frias, solte-as com as mãos.

O chef Leo Paixão e seu ovo de Páscoa (Foto: Raphael Criscuolo / divulgação)
Leo e seu ovo de Páscoa (Foto: Raphael Criscuolo / divulgação)

Danielle Noce: lembranças açucaradas e uma torta para fazer já

danielle noce
Conversei com a confeiteira Danielle Noce, do blog I Could Kill For Dessert, para uma matéria da revista L’Officiel. Aqui, publico uma versão mais completa desse bate-papo, cheio de dicas e lembranças apetitosas. De sobremesa, há o passo-a-passo da torta de chocolate com caramelo salgado publicado no novo livro da blogueira brasiliense, A Receita da Felicidade.

Qual é a sua mais doce lembrança gastronômica?
Minha mãe fazendo pão em casa. Ela colocava para crescer no sol, embaixo de um cobertor, e a casa ficava com um cheiro absurdo.

Qual é sua sobremesa favorita no momento?
É o sorvete de cereal do Momofuku Milk Bar (que tem lojas nos Estados Unidos e no Canadá). Nesse calor eu não consigo pensar em nada que não seja sorvete.

Qual foi sua última criação culinária?
Estou uma bomba de crème brûlée. Espero que fique gostosa. (Aparentemente ficou, porque ela publicou o passo-a-passo.)

Três lugares em que os doces valem a viagem.
A fazenda Vagafogo, em Pirenópolis (Goiás), que tem várias geleias de frutas do cerrado e um café colonial muito, muito bom. As sobremesas vietnamitas do Chén Chè, em Berlim, são minhas favoritas no mundo, porque não são extremamente doces. No Du Pain et Des Idées, em Paris, os folhados com as frutas da estação e um pouquinho de creme frangipane são maravilhosos.

Três lugares para comer bons doces em São Paulo.
A Casa Garcia, pelo pavê de doce de leite, o Epice, pelas sobremesas do Alberto Landgraf, e o Marie-Madeleine.

Refeição sem sobremesa é…
Refeição sem sobremesa é como uma frase sem ponto final.

Quem é uma inspiração na cozinha?
O que me inspira são pessoas que fazem do ordinário algo extraordinário. Não estou falando de grandes chefs, estou falando de cozinheiros vovós, mães, que pegam uma cozinha do dia-a-dia e a melhoram de forma que você tem uma experiência incrível. Isso acontece muito no Brasil. Como a mãe do Paulo (marido), que faz um arroz incrível todo dia para a gente, a minha mãe, que faz um doce maravilhoso ou um pão de queijo delicioso.

Na sua família, havia alguém que cozinhava especialmente bem?
Todo mundo na minha família cozinha muito bem. Minha mãe tem mais 15 irmãos e irmãs e todos eles gostam de cozinhar. Não importa se é um boi que meu tio acabou de matar na fazenda e eles vão fazer um churrascão gigante, uma festa enorme, ou os doces de tacho que minha mãe e minhas tias ficam mexendo dias até ficarem prontos.

Que sabores e aromas remetem à sua infância?
Além do pão, dois sabores que estavam presentes em tudo que minha mãe fazia eram canela e cravo.

Falando só de gastronomia, do que sente mais falta de Paris, Florença, Londres e outras cidades onde morou?
De Paris, dos pães maravilhosos. Não consigo encontrar nada igual no Brasil. A manteiga também é muito boa. De Florença, das massas frescas… Mas na verdade do que mais sinto falta, porque morei com uma macrobiótica, é de uma linguiça caseira que ela fazia só de vegetais. Era muito gostosa, nem parecia que era só de vegetais (risos). No geral a Europa tem essa cultura de fazer o próprio jantar, com cuidado. Todo mundo. De Londres, sinto falta de ginger beer.

Quando fora do Brasil, do que sentia saudade?
De pão de queijo, com certeza. E de queijo minas. Os queijos aqui são pouco valorizados, mas são muito bons também.


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Receita: torta de chocolate com caramelo salgado

Torta de chocolate com caramelo salgado de Danielle Noce

Ingredientes
Base
3/4 de xícara de avelã
250 gramas de biscoito de chocolate sem o recheio (Danielle usou 64 biscoitinhos)
6 colheres (sopa) de manteiga sem sal

Recheio de caramelo salgado
1 e 1/4 de xícara de creme de leite fresco ou nata
1 colher (chá) de flor de sal
2 xícaras de açúcar cristal

Ganache de chocolate
350 gramas de chocolate amargo 70% picado
1 e 1/2 xícara de creme de leite fresco ou nata

Dica: se você não encontrar o creme de leite fresco ou a nata, faça a ganache com creme de leite de caixinha. Nesse caso, leve o chocolate junte com o creme de leite para derreter em banho-maria até formar a ganache.

Modo de preparo
Base
Toste as avelãs em forno preaquecido a 160 ºC até que a casca comece a desgrudar. Retire do forno e esfregue as avelãs com as mãos para remover o máximo da casca. Num processador, misture as avelãs tostadas, os biscoitos de chocolate e a manteiga derretida. Depois, coloque tudo numa fôrma redonda de fundo removível. Leve ao forno por 12 minutos a 180 ºC. Retire do forno e deixe esfriar.

Caramelo salgado
Em uma panela pequena, leve o creme de leite fresco ou a nata para ferver junto com a flor de sal. Enquanto isso, ponha o açúcar em outra panela alta e larga. Espere derreter em fogo médio ou baixo até ficar com uma cor âmbar. Quando alcançar essa cor, acrescente o creme de leite aos poucos e mexa sem parar, até que o caramelo se forme e a mistura fique homogênea. Derrame o caramelo sobre a torta e espere esfriar completamente.

Ganache de chocolate
Coloque o chocolate picado no processador e reserve. Leve o creme de leite fresco ou a nata para ferver e, assim que alcançar a fervura, jogue sobre o chocolate. Processe até ficar homogêneo.

Montagem
Quando o caramelo estiver bem durinho, coloque a ganache por cima e leve à geladeira por pelo menos 30 minutos. Na hora de servir, salpique um pouco de flor de sal por cima da torta.

Fotos: divulgação.


Para cozinhar mais:

Empanadas de cordeiro

empanadasdecordeiro

Empanadas e vinho, que tal?

Provei estas empanadas quando visitei a fazenda da Quirós Gourmet para fazer uma reportagem da revista L’Officiel. A empresária Priscila Quirós, filha de argentinos, recheou os discos de massa enquanto contava que, na casa da família, a carne de cordeiro sempre foi comum à mesa (assim como o vinho). Há seis anos, ela decidiu começar o próprio rebanho no interior de São Paulo depois de receber uma mensagem de parentes espanhóis que comemoravam 100 anos de criação de cordeiros em Oviedo, região de Astúrias.

As empanadas que comi no dia foram preparadas na churrasqueira e tinham aquele gostinho defumado especial. Mas, mesmo que você (como eu) só conte com um forno, acho que esta receita é um bom projeto culinário para o fim de semana.

Priscila Quirós prepara empanadas na fazenda da Quirós Gourmet
Priscila Quirós prepara empanadas na fazenda da Quirós Gourmet

Ingredientes do recheio
1 pimentão vermelho
1 pimentão verde
1 cebola grande
1,5 kg de carne de cordeiro
Azeite de oliva
Sal e páprica picante a gosto
1 colher de sopa de manteiga sem sal
½ colher de chá de cominho em pó
250 ml de água

Ingredientes da massa
250 ml de água morna
1 colher (sopa) de sal
500 g de farinha
200 g de banha ou gordura vegetal

Preparo do recheio
Corte os pimentões e a cebola em cubos pequenos. Reserve.

Corte na ponta da faca a carne de cordeiro em cubos pequenos.

Leve ao fogo uma panela com um fio generoso de azeite, adicione a carne e mexa bem. Depois adicione a cebola, mexa bem e coloque o sal. 

Quando a cebola estiver translúcida, acrescente a manteiga, os pimentões, páprica e o cominho. Diminua o fogo para médio, tampe a panela e deixe cozinhar. Acrescente a água e tampe novamente.

Quando perceber que está consistente, desligue o fogo. Leve para a geladeira em um recipiente com tampa. Deixe esfriar até que fique firme ou use o recheio no dia seguinte.

Montagem

Misture a água morna ao sal . Mexa até dissolver bem. 

Em uma bancada, coloque a farinha, faça um buraco no meio do monte e coloque ali a gordura. Sove a massa para integrar de modo uniforme a farinha a gordura. Ela tem que ficar arenosa.

Faça um buraco novamente e adicione aos poucos a água com sal. Trabalhe bem a massa cerca de 10 minutos, para que fique bem macia. Caso sinta que a massa está úmida, adicione um pouco mais de farinha.

Deixe descansar por 10 minutos.

Corte a massa em pequenas porções que se transformarão nos discos das empanadas.

De forma individual estenda cada porção, fazendo um disco fino.

Coloque uma colher de sopa do recheio frio em cada disco, deixando uma borda de um dedo para fechar. Feche a empanada em meia-lua, una as bordas apertando e forme as clássicas dobrinhas com um garfo. Coloque-as em uma assadeira untada.

Leve ao forno já aquecido ao máximo de sua temperatura e deixe assar de 5 a 7 minutos (vai depender do seu tipo de forno, fique de olho).

Rendimento: 30 discos pequenos.

Sobre bolos de caixinha e atalhos que não entendo

bolo relâmpago

Não entendo bolo de caixinha. Por que alguém se dispõe a assar um bolo e usa uma mistura industrializada? Compra o tal pó, que tem farinha, açúcar, fermento mais uma porção de aditivos (entre eles, às vezes, gordura trans), e bate com manteiga (ou margarina), ovos e leite em vez juntar farinha, açúcar, fermento, manteiga, ovos e leite. Não é modo de falar: não entendo mesmo a vantagem. E quando uma tia que mora nos Estados Unidos contou ter visto mistura para bolo nas prateleiras de uma lojinha de produtos brasileiros? Entendi menos ainda.

Também não entendo gelatina aromatizada artificialmente. Gelatina com suco de verdade é tão fácil de fazer, tão mais saudável e tão melhor! Em compensação, dou o maior valor para tortilhas de farinha industrializadas. Certos dias eu preparo pão, na maioria eu como um integral orgânico e, de vez em quando, apelo para os discos de farinha. Eles duram um tempão na geladeira e, em momentos de aperto, se transformam em sanduíches, torradinhas para receber patês, minipizzas…

Outra grande salvadora de jantares improvisados é a conserva, como a de sardinha. Talvez fique atrás dos ovos em versatilidade, mas ganha no quesito estocagem. Entra em sanduíches, saladas, tortas e molhos de massa com o aval de chefs renomados, como o português Vítor Sobral, que tem os enlatados, trazidos de além-mar, como destaque de seu Taberna da Esquina, em São Paulo.

A sardinha em si, fresca, é daquelas comidas fáceis e boas. Tão singela que até outro dia levava muita gente a torcer o nariz (alguns ainda torcem, embora ela habite cardápios de respeito e, em Lisboa, seja iguaria cultuada por cozinheiros e artistas). “É um peixe fantástico, dos mais saudáveis e com um sabor incrível”, diz Vítor, que recentemente preparou uma sardinhada no Tasca da Esquina, outro restaurante seu. Temperados com sal, os peixinhos foram assados na brasa (mas você poderia fazê-los em uma frigideira ou grelha) e servidos sobre uma fatia de broa de milho. “O pão vai ensopando com o molho. É divinal.”

Servir um grelhado com salada (pré-lavada, se o ato de lavar for o limite de esforço para incluir ou não folhas na dieta) e um bom pão de padaria não requer muito mais tempo e habilidade do que preparar um macarrão instantâneo. Às vezes a gente complica o simples.