Categoria: Fora de casa

Dicas e receitas de restaurantes.

Pudim de pinhão com calda de laranjinha kinkan

Receita de sobremesa amiga do inverno: pudim de pinhão

Pinhão é uma das comidas que mais me faz lembrar da minha mãe (eu ia dizer “a que mais mais me faz lembrar”, mas aí pensei também na mandioca com mel, na torta de sardinha, na cuca de banana…). Paranaense que na infância passava as férias na fazenda dos tios em Lages (SC), terra da Festa Nacional do Pinhão, ela transmitiu aos filhos paulistanos o gosto pelas sementes da araucária. Mais tarde, foi morar em Vitória (ES) e estranhou a falta delas no inverno. Quando finalmente encontrou algumas à venda, eram secas e tristes.

Eu, morando em São Paulo, ainda sinto uma felicidade de criança quando me deparo com os primeiros pinhões do ano na feira ou no supermercado. Costumo comê-los do jeito mais simples, conforme aprendi com minha mãe: cozidos, arrancados da casca com os dentes (mordendo a “bundinha” para expulsar a parte carnuda) e então mergulhados, um a um, em salmoura (ou sem tempero mesmo, ou com um pouco de sal adicionado à água do cozimento).

Nesta temporada, estou experimentando algumas novidades. Primeiro foi meu marido que resolveu fazer um molho pesto usando pinhão no lugar dos caríssimos pinoli (sementes de um pinheiro da região do Mediterrâneo) pedidos na receita original italiana (que leva também manjericão, alho, azeite e queijos parmesão e pecorino). Funcionou. Depois fui convidada a provar o menu do Festival do Pinhão em cartaz a partir de 12 de junho no bar Armazén Paulista. No cardápio especial, o pinhão aparece da entrada à sobremesa: no recheio de uma empada de bacalhau, em um risoto com paio e ricota defumada, em um pudim… É a receita dessa sobremesa que eu compartilho a seguir.

Pudim de pinhão com calda de kinkan

Ingredientes
Para o pudim:
1 kg de pinhão cozido e moído
8 ovos
250 g de açúcar
2 colheres de sobremesa de essência de baunilha
2 latas de leite condensado

Para a calda:
200 g de açúcar
50 ml de água mineral
4 laranjinhas kinkan
4 unidades de anis estrelado

Modo de preparo
Coloque o pinhão cozido e moído e os demais ingredientes do pudim no liquidificador e bata bem.

Coloque a água e o açúcar em uma panela e leve ao fogo baixo até formar uma calda. Junte a ela o anis e as laranjinhas (cortadas em quatro e sem as sementes).

Com cuidado com a alta temperatura, ponha metade da calda em uma forma de pudim e unte todo o interior do utensílio. Em seguida, coloque na forma a mistura do pudim.

Leve ao forno a 180 ºC por cerca de 40 minutos. Quando estiver pronto, deixe esfriar bem e desenforme.

Coloque em um prato e despeje o resto da calda por cima.

O pinhão com aceto balsâmico servido no Armazén Paulista: um jeito simples de variar o tempero
O pinhão com aceto balsâmico servido no Armazén Paulista: um jeito simples de variar o tempero

Outra receita do festival: empada de bacalhau e pinhão
Outra receita do festival: empada com recheio cremoso de bacalhau e pinhão

Do bar do Terraço Itália: rolinho de mussarela de búfala, presunto cru, tomate e rúcula

O involtino e outras comidinhas do festival de mussarela do Terraço Itália (foto: divulgação)
O involtino e outras comidinhas do festival de mussarela do Terraço Itália (foto: divulgação)

Esta receita simples, que junta uma porção de coisas gostosas, faz parte de um menu de pratos com mussarela servido até 30 de junho no bar do Terraço Itália. Você pode prepará-la em casa, tanto como aperitivo quanto como uma salada — só vai faltar a vista da cidade de São Paulo que se tem a partir do 42º andar do Edifício Itália.

Involtino di mozzarella

Ingredientes
100 g mussarela de búfala em folha
50 g presunto de Parma
60 g tomate seco
Rúcula a gosto
Azeite extra virgem a gosto

Montagem
Abra as folhas de mussarela e recheie com os demais ingredientes. Enrole o queijo no formato de um rondelli. Corte em rodelas e decore com rúcula. Finalize regando com azeite.

Sugestão para a happy hour: mussarela, presunto, tomate e rúcula (foto: divulgação)
Sugestão para a happy hour: mussarela, presunto, tomate e rúcula (foto: divulgação)

Coquetéis e Sinatra

Este é meu: drink Soulless Gentleman, com whiskey Gentleman Jack, maple syrup, limão siciliano, bitter e tintura de chá Lapsang Souchong
Este é meu: drink Soulless Gentleman, que leva whiskey Gentleman Jack, maple syrup, limão siciliano, bitter Truth Peach Bitters e tintura de chá Lapsang Souchong

Na minha lembrança, coisas extraordinárias acontecem no hotel Maksoud Plaza. Criança, eu perdia o fôlego diante daquele lobby infinito, com um elevador panorâmico que me levava a um nível de empolgação ao qual hoje vista nenhuma é capaz de me alçar. Anos mais tarde, repórter em começo de carreira, fui enviada lá para uma entrevista coletiva com uma dupla sertaneja, errei de porta e me surpreendi ao encontrar o ator Christopher Lambert, o eterno “Highlander”, que promovia um filme em São Paulo. Outros tantos anos se passaram e, em um fim de tarde entendiado, eu e meu marido resolvemos tomar um drink no hotel. Ingressamos em um túnel do tempo acarpetado e solitário — na ocasião, éramos os únicos clientes do bar. Foi divertido, mas minhas memórias (e as da cidade) mereciam mais.

Agora o bar do saguão do hotel ganha uma nova chance (assim como o topo do prédio, que desde janeiro abriga a balada PanAm). Para começar, muda de nome: de Batidas & Petiscos para Frank. É uma homenagem a Frank Sinatra, que se apresentou no teatro do Maksoud em 1981, em quatro shows para 700 pessoas precedidos por jantares — o cardápio, segundo a Folha de S.Paulo, listava “lagosta cozida com pouco sal; fundo de alcachofra com creme sofisticadamente rosado e gostoso; filé mignon com molho repleto de azeitonas sem caroço e alguns cogumelos; doce recheado de chantilly (tipo mil folhas)”. Outros tempos.

Inaugurado no fim de abril, o novo Frank conta com um nome de peso da coquetelaria em São Paulo: o premiado Spencer Jr., ex-Isola e MyNY. Conhecido por seu negroni envelhecido em barril de bálsamo, o bartender serve clássicos e criações próprias (entre elas, versões de martínis e o Soulless Gentleman: whiskey Gentleman Jack, maple syrup, limão siciliano, bitter e tintura de chá Lapsang Souchong). A conferir na próxima happy hour.

Serviço: o Frank Bar fica aberto todos os dias, das 18h às 2h, no lobby do Maksoud Plaza (alameda Campinas, 150, São Paulo – SP).

Publiquei este texto originalmente na coluna O Caderno de Receitas da revista L’Officiel Brasil. Em tempo: os coquetéis também podem ser engarrafados para viagem.

4 dicas para comer bem no Espírito Santo (e uma receita de moqueca)

Não pretendo aqui fazer um guia do Espírito Santo (quem sabe no futuro…). Passei alguns anos em Vitória e de vez em quando volto para visitar a família. Na última vez, comi muito bem em casa (já publiquei a receita da lentilhada da minha mãe) e em restaurantes. Compartilho hoje algumas dessas boas experiências, que podem entrar no roteiro de quem estiver de viagem marcada para lá (imagino que as dicas sejam manjadas para os locais).

1. Cantinho do Curuca
Cozinha do Cantinho do Curuca

Uma moqueca fantástica, que se sobressai em uma terra de moquecas. Neste restaurante de Meaípe (Guarapari), o prato tem caldo encorpado e peixe no ponto certo. O preço pesa, principalmente se você estiver com pouca gente: mais de 200 reais por uma versão de peixe e camarão, teoricamente para duas pessoas, mas que dividimos em cinco (quatro adultos e uma criança pequena), pedindo também uma casquinha de siri (na verdade, um casca de bom tamanho) e uma porção de bolinhos de bacalhau. De sobremesa, torta de coco coberta por claras em neve.

Valem uma espiada as janelas que expõem a cozinha gigante, com um exército de bocas de gás enfileiradas para preparar moquecas para um batalhão. Não se deixe enganar pelo diminutivo do nome: o Cantinho do Curuca tem capacidade para atender 400 pessoas.

A seguir, a receita de moqueca capixaba que encontrei no site do restaurante:

Ingredientes

600 gramas de peixe em postas (sugestão: badejo ou robalo)
100 gramas de cebola
100 gramas de tomate em cubinhos
2 colheres de sopa de suco de limão
2 colheres de sopa de óleo
2 colheres de sopa de azeite
Sal, colorau, pimenta e coentro a gosto

Modo de preparo

Em uma panela de barro, coloque o óleo, a cebola, o tomate e o colorau. Espere tomar consistência. Em seguida ponha as postas de peixe (não é necessário acrescentar água, a não ser que você ache que a moqueca está com pouco molho ou grudando no fundo da panela). Ponha o sal, o azeite e o suco de limão. Deixe ferver por 15 minutos. Coloque o coentro e está pronta.

2. Galpão das Paneleiras de Goiabeiras

Aqui, você não vai comer, mas comprar os utensílios para preparar sua própria moqueca. Pode também ver como são feitas as panelas de barro típicas do Espírito Santo: do amassar do barro à moldagem manual e ao cozimento em fogueira.

Só não despache sua nova panela no avião: é quebra na certa. Melhor preparar o muque e levá-la na cabine, como bagagem de mão.

Onde: rua das Paneleiras, 55, Goiabeiras, Vitória – ES.

3. Ilha das Caieiras

restaurante em Ilha das Caieiras

Esta região de pescadores e desfiadeiras de siri virou um pólo gastronômico, com vários restaurantes bem simples, como o Mirante da Ilha (foto acima), que servem moquecas e outros pratos de peixe e frutos do mar. Peça uma moqueca de siri (foto abaixo), já que está em um bairro conhecido por abrigar especialistas no preparo dessa carne, e aprecie a vista para o canal e o mangue.

Aviso: apesar do nome, não se trata de uma ilha à parte, e sim de uma porção da ilha de Vitória.

Moqueca de siri da Ilha das Caieiras

 

4. Produtos Carnielli

Queijos, embutidos (como o socol — lombo de porco temperado e curtido), cafés e outras gostosuras são feitas pela família de origem italiana em Venda Nova do Imigrante. A fazenda nas montanhas capixabas está aberta para visitação, mas os produtos também podem ser encontrados em outros pontos, como a Carnielli Cafeteria e Delicatessen no HortoMercado (rua Licínio dos Santos Conte, 51, Enseada do Suá, Vitória).

Produtos Carnielli

+ Confira aqui a moqueca capixaba da chef Ana Luiza Trajano, do Brasil a Gosto.

Salada de camarão, lula e polvo do Eataly São Paulo

Salada de frutos do mar com batata, salsão e mostarda: prato do Il Pesce, do Eataly (foto: divulgação / Gladstone Campos)
Salada de frutos do mar com batata, salsão e mostarda: prato do Il Pesce, do Eataly
(foto: divulgação / Gladstone Campos)

Semana passada fui ao Eataly São Paulo, antes da inauguração, para conhecer a filial brasileira do mercado italiano e entrevistar o chef americano Mario Batali, um dos sócios, para a revista L’Officiel. No mesmo dia, publiquei no blog uma lista de razões para conhecer o espaço, que tem sido chamado de Disney da comida (mas eu gostei bem mais da definição que uma amiga colocou no Facebook: “Bixiga premium”).

Hoje, quando o Eataly abre as portas para o público, compartilho aqui a receita da Insalata di Mare, do chef Du Cabral, que é servida no Il Pesce, um dos 8 restaurantes do complexo.

Ingredientes
200 gramas de batatas já cozidas e cortadas em cubos
50 gramas de mostarda dijon
2 colheres de sopa de azeite extra-virgem
Sal a gosto
Pimenta-do-reino a gosto
Salsa a gosto

50 gramas de camarão já cozido
50 gramas de lula já cozida
50 gramas de polvo já cozido
30 gramas de salsão cortado em cubos
1 colher de chá de suco de limão
1 ramo de manjericão

Modo de preparo
Em um recipiente, tempere as batatas com sal, pimenta, azeite, mostarda e salsa e reserve na geladeira. Em outro recipiente, tempere todos os frutos do mar.

Para servir, coloque a salada de batatas no fundo do prato e, por cima, os frutos do mar. Decore com manjericão ou outra erva de sua preferência.

Rendimento: 2 pessoas.

Saiba mais sobre o Eataly aqui.