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O suco da vida

Roberta (de maiô branco), a mãe, Ana Maria, e a irmã, Polyana
Roberta (de maiô branco), a mãe, Ana Maria, e a irmã, Polyana

Este relato faz parte de uma série de depoimentos sobre as delícias e as histórias da cozinha de mãe

Por Roberta Dalbuquerque*

Minhas lembranças de menina quase todas envolvem a minha mãe e a doçura com que sempre tratou os assuntos da cozinha. Me alegra pensar na forma carinhosa com que ela conduzia as refeições. Ana Maria nunca teve medo de trabalho. E, apesar de passar muitas horas em consultórios e hospitais, fazia absoluta questão de almoçar todos os dias em casa conosco. Enfeitar a mesa, tirar a louça de festa num dia qualquer, deixar as crianças usarem as taças de cristal para tomar vitamina C.

Inventava pequenos mimos para deixar nossa vida mais leve. Dava nomes para os pratos que servia. Quando acabava o requeijão, ela misturava manteiga e queijo ralado e anunciava contente que hoje comeríamos pão com a sua especialidade francesa: o queijo La Marie. Em dias de aniversário, quem completava anos tinha direito de escolher o cardápio do almoço de toda a casa (inclusive o dos adultos). Era incrível! Nas semanas de provas, fazia arranjinhos de flores para enfeitar o lugar das crianças amedrontadas pela matemática ou por qualquer qualquer outra matéria. Até hoje, deixa bilhetinhos sob os pratos e pergunta animada: “Alguém achou alguma coisa embaixo do prato?!”.

Das receitas com nome, lembro especialmente do suco da vida. Era o terror das crianças. De uns tempos pra cá, redescobri o suco e tenho feito com frequência. Muito antes de as blogueiras fitness nascerem, a danada já fazia suco funcional. E enquanto o bebíamos (com uma certa má vontade), ela descrevia tudo de maravilhoso que ele faria por nós. “Esse suco deixa o cabelo lindo e brilhoso, as unhas fortes, a pele boa, protege o corpo da gripe, ajuda a cabeça a aprender melhor.” Era quase milagroso.

Muito antes de as blogueiras fitness nascerem, a danada já fazia suco funcional. E enquanto o bebíamos (com uma certa má vontade), ela descrevia tudo de maravilhoso que ele faria por nós”

Nunca ofereci o suco da vida para as minhas filhas. Pensando bem, vou tentar. Quem sabe em uma taça de cristal?

Suco da vida

Ingredientes
2 laranjas
½ beterraba
½ cenoura
1 colher de mel
Um pouquinho de gengibre

Modo de preparo
Bata tudo no liquidificador e está pronto. Agora é só esperar cabelo, unhas, pele, corpo e cabeça obedecerem a Ana Maria.

*Roberta Dalbuquerque é autora do livro Quem Manda Aqui Sou Eu – Verdades inconfessáveis sobre a maternidade (editora HarperCollins), criadora do site A Verdade É Que… e diretora de arte da revista Claudia.

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A Itália encontra Portugal na sopa de capelete da dona Ana Bertoni

Marcos e a mãe

Por Marcos Nogueira*

Este relato faz parte de uma série de depoimentos sobre as delícias e as histórias da cozinha materna

Meus pais foram econômicos em demasia no cartório. Deram-me apenas um nome e um sobrenome — em oposição à onda barroca que, no longínquo ano de 1970, fez surgir uma profusão de nomes extravagantes como Renato José ou Rodrigo Sérgio. Meu nome passa a falsa impressão de que sou um português puro, daqueles que usam um lápis atrás da orelha. O sobrenome que falta na minha certidão de nascimento é o Bertoni da minha mãe, dona Ana, hoje com 84 anos.

Como muitos brasileiros, cresci numa casa ítalo-portuguesa ou, se preferir, luso-italiana. Mas a coisa era um pouquinho mais complicada. Minha mãe, neta de italianos, nasceu da mistura da gente germânica do Vêneto com os oriundi da mouraria apuliana — algo que, na península recém unificada, teria sido bem ousado. Mas aqui eram todos estrangeiros. Ou seja, eram todos brasileiros. E assim ela, a professorinha carcamana, se casou com o engenheiro luso-caipira, criado em Lençóis Paulista.

A comida de casa, como a comida de muitos lares paulistanos, refletia essa mescla. A macarronada de domingo vinha com farofa de farinha de rosca (mandioca ou milho seria pedir demais). A feijoada era uma das especialidades da dona Ana, assim como a bacalhoada e a pizza de massa fininha e molho cheio de alho.

Dona Ana fazia os cappelletti in brodo, patrimônio gastronômico do norte da Itália, à moda de uma canja portuguesa. Ou, por abordagem reversa, fazia uma canja em que o arroz era trocado por massa recheada”

A sopa de capelete da minha mãe, entretanto, é a receita que melhor traduz a mestiçagem latina da minha casa. Dona Ana fazia os cappelletti in brodo, patrimônio gastronômico do norte da Itália, à moda de uma canja portuguesa. Ou, por abordagem reversa, fazia uma canja em que o arroz era trocado por massa recheada.

Foi assim que eu conheci essa sopa: um caldo claro de frango com pedaços de cenoura, cebola, batata e tomate, mais lascas do próprio galináceo, e capelete. Era assim que eu achava que ela deveria ser, até ficar adulto e besta e começar a questionar a sacrossanta cozinha materna — sou, afinal, apenas metade italiano.

Em sua origem, os cappelletti in brodo eram feitos a partir de um caldo limpo (sem sólidos e coado) de carne, geralmente galo capado — o cappone, nem tente procurar. Acrescentava-se massa recheada com carne (frango, porco, boi ou qualquer combinação das três), queijo e miolo de pão e servia-se quente com parmesão ralado ao lado.

Sopa de capelete

Nunca pedi a receita para a minha mãe, apenas a observei na cozinha, então vou fugir de quantidades exatas. Sempre que começava a esfriar, ela cozia um peito de frango com osso em uma panela com bastante água, louro, cebola e alho grosseiramente picados, depois reservava a carne. Ao caldo, ela juntava batata, cenoura e tomate em pedaços grandes. Quando tudo estava macio, jogava os capeletes, daí servia a sopa com parmesão, azeite e o peito de frango desfiado à parte. Eu nunca fui muito de peito de frango cozido, então deixava-o quieto em seu canto. Já o resto, eu traçava três, quatro pratos seguidos.

Como sou besta (já disse isso?), reproduzo a fórmula da dona Ana com algumas alterações. Na verdade, não se trata de ser besta: a dinâmica da minha cozinha é diferente. Eu não gosto de frango cozido (já disse isso?) e faço caldos com ossos que sobram de outras refeições, para usar em sopas, risotos e molhos. Na sopa da foto, os ossos são de costela bovina e (acho) porco. Mas talvez parte deles seja de queixada — o saco estava sem etiqueta no congelador.

Você pode fazer com caldo de carne, de frango ou de legumes. Só não use caldo industrial — tem muito sal e um gosto terrível de coisas artificiais. Se você tiver paciência, sugiro que prepare um assado uns dias antes e depois cozinhe os ossos. Uma vantagem de usar ossos é não precisar retirar a gordura depois. Tá, você não vai fazer isso. Então proponho o seguinte: compre umas asinhas de frango, que são baratas e saborosas. Você pode assá-las junto com os legumes (eu prefiro assim) ou pular esta etapa. Aí vem a receita do brodo propriamente dito.

Coloque os legumes — uma cenoura, uma cebola e um ou dois talos de salsão — numa panela de pressão com os ossos ou a carne e o tempero de sua preferência. Ligue o fogo alto e, depois que subir o pino da panela, baixe a chama e deixe cozinhar por uma hora. Quando já não estiver tão quente, remova os sólidos (eu não coo o caldo) e, se precisar, a gordura — é preciso deixar na geladeira até o óleo que boia endurecer… Eu avisei que era chato.

Em outra panela, refogue uma cebola e dois dentes de alho em azeite. Acrescente o caldo e, em seguida, uma batata, uma cenoura e um tomate em cubos. Crus, por favor — aqueles que foram cozidos no caldo perderam sabor e textura. Ponha também algumas ervas, como louro e tomilho, sal e pimenta preta. Quando tudo estiver nos trinques, jogue a massa, que merece um parágrafo à parte.

Para a sopa da foto, eu comprei tortellini de frango do pastifício Di Cunto, da Mooca. Não porque sejam os melhores, mas porque eram os que a minha mãe cozinhava para mim. A rigor, o ideal é você fazer os cappelletti em casa — tarefa que apenas os santos abnegados têm disposição de encarar. Confie em seu paladar e compre a melhor massa recheada, de carne ou de queijo, que você conhece.

Sirva com bastante parmesão. Parmesão bom. Dos nacionais, o Randon e o Gran Mestri dão para o gasto.

Por fim, uma última curiosidade. Para escrever este texto, eu pesquisei as origens da canja. Wikipédia, nada de mais. Fiquei sabendo que ela vem da China, onde existe um mingau de arroz chamado juk, e chegou a Portugal quando os primeiros navegadores voltaram da Índia — onde mercadores malaios serviam a sopa com o nome de kanji.

Toda essa embromação para dizer que a sopa da minha mãe é um prato ítalo- sino-malaio-indo-português. Aproveitem e bom dia das mães a todas as leitoras!

* Marcos Nogueira é jornalista, sommelier de cerveja e marido da autora deste blog.

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Comida de mãe é um quentinho na alma

Por Cíntia Marcucci*

Este relato saboroso é o primeiro de uma série de textos de convidados sobre as delícias da cozinha materna

Cíntia Marcucci no colo da mãe, Mariza, e ao lado da irmã, Camila

Tenho sorte de morar perto da casa dos meus pais. E de trabalhar em casa. Por conta disso, não são raras as vezes em que estou eu lá, em plena terça-feira no almoço ou num jantar de quinta, comendo com minha mãe, minha avó materna, meu pai. E também minha irmã e minha sobrinha, que tem só 10 meses mas já sabe do que a família mais gosta: comer e cozinhar. Eu adoro esquentar a barriga no fogão e esfriar na pia (quer dizer, essa última parte nem tanto, detesto lavar louça), mas comida de mãe tem outro gosto, é sempre melhor.

Minha mãe sempre trabalhou fora. Ela é meu exemplo de mulher, que me ensinou a ser independente e dona do meu nariz. Também me ensinou que cozinhar faz parte disso tudo. Todo mundo em casa cozinha, inclusive meu pai. A verdade, tenho que admitir, é que por anos eu era o patinho feio da culinária doméstica. A desajeitada que derrubava as coisas no fogão. Mas, sabe como é, um dia a gente mostra a que veio e hoje eu arraso nas panelas. Sempre fazendo lambança, mas arraso.

Ela me ensinou a ser independente e dona do meu nariz. Também me ensinou que cozinhar faz parte disso tudo”

Mesmo minha mãe trabalhando fora, tendo dois ou três empregos, minha casa sempre tinha aquela comidinha com o tempero dela, porque a gente nunca teve empregada. Lembro quando ela fazia feijão. Fresquinho, saindo da panela — fosse a hora que fosse, eu e minha irmã pegávamos uma tigelinha, colocávamos um fio de azeite e uma pitada de sal e comíamos de lanchinho. E o espinafre? Minha verdura favorita desde sempre, refogado com cebola e tomate.

O creme de milho dela, só ela faz. Amarelinho, o milho batido no liquidificador, fica um creme pedaçudo, com cebola e tomate, de se acabar com o arroz branco e o frango frito. Alcachofra eu também acho que a dela fica sempre melhor que a minha. Ela recheia as flores — nada de cortar pétalas e tirar o miolo, senão perde 90% da graça — com uma maçaroca de pão, azeite, vinagre, alho e sal. Não tem ingrediente secreto em nenhuma dessas coisas, mas é aquela coisa de saber dosar o sal, o alho, a cebola que ninguém faz igual. Nem ela, porque eu sei que ela faz tudo a olho, sem medir.

Ela que me ensinou a fazer pão. Todo sábado era a mesma coisa: massa pra pizza caseira. Pão foi a primeira coisa que aprendi a fazer na cozinha e, como destino é uma coisa louca mesmo, se tornou a minha marca registrada hoje.

Mas a receita mais legal que a minha mãe faz e que eu quero dividir hoje com vocês é um bolo chamado colchão de noiva. Ele é feito de fécula de batata e a receita é marca registrada da minha avó. Mas da paterna. Só que só a minha mãe consegue fazer igual ao dela. Provando que cozinha é uma coisa de alma e coração.

Bolo colchão de noiva

Ingredientes
Para a massa:
6 ovos
Gotas de essência de baunilha
8 colheres de sopa de açúcar
4 colheres de sopa de fécula de batata
1 colher de sopa de fermento em pó
Manteiga para untar
Farinhas de trigo e de rosca para enfarinhar
Para o recheio (creme de aniversário):
1 lata de leite condensado
2 “latas” de leite
3 gemas
3 colheres de sopa de maisena
1 colher de chá de essência de baunilha
250 gramas de creme de leite
Frutas picadas (pêssego em calda é o tradicional)
Decoração:
Chantilly
Cerejas ao marrasquino

Modo de preparo da massa
Bata as claras em neve. Junte as gemas, a baunilha e o açúcar, batendo bem. Junte a fécula e o fermento no final e misture levemente, senão o bolo não fica fofinho. Coloque em uma forma untada e enfarinhada com farinhas de trigo e de rosca e leve ao forno médio até assar e dourar.

Modo de preparo do recheio
Leve ao fogo o leite cru e o condensado, misture e, antes de levantar fervura, junte as gemas batidas com a maisena e a baunilha. Mexa até engrossar e formar um creme liso. Desligue o fogo, junte o creme de leite.

Montagem
Arrume o bolo e o creme, coloque frutas picadas, cubra com outro bolo e decore com chantilly e cerejas ao marrasquino.

*Cíntia Marcucci, filha de Mariza, é jornalista, fazedora de pães e autora do blog Quem Tem Boca Vai….

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Torta de sardinha: um conto e uma receita com gosto de abraço de mãe

Torta de sardinha feita no liquidificador
Se existe um prato que resume o aconchego da comida da minha mãe, é a torta de sardinha. Massa fofa, recheio úmido, sabor simples e bem temperado de ingredientes confortavelmente triviais.
A preparação, que admite variações de recheio (presunto e queijo, carne moída, atum ou o que você tiver em casa), veio da sogra de uma vizinha, mas foi incorporada à história da minha família. Gosto tanto que já meti a torta em dois contos. Um deles é este aqui (a receita vai logo abaixo):

À espera

“Ela vai ficar tão triste. E bem que me avisou.”

Do banco traseiro do carro, dava para ver o cabelo castanho ondulado da mãe, solto atrás e enroscado na gola do casaco do lado direito. Ele sentiu um aperto. Olhou pela janela, começou a ler em voz alta. “Bilhar Augusta. A Arte da Boa Mesa. Retificadora Flora.”

“Tudo bem na escola, Antônio?”

“Tudo.”

“Muita lição de casa?”

“Não.”

Tinha, mas não ia fazer. Pra quê? Sentiria saudade também da tia Iara, nem achava tão chato quando ela passava lição. Mas não ia mais fazer.

“Só Botas. Pão Gostoso. Você com Saúde.”

“Ei, tá pensando na morte da bezerra? Chegamos, filho!”

Desceu do carro, mochila pendurada no ombro, e subiu direto para o quarto.

A Carminha, que dormia enrolada em cima do baú de brinquedos, se espreguiçou devagar, bunda para cima e patas dianteiras bem esticadas. Fez carinho na cabeça da gata. “O baú vai ser só seu, Carminha.”

Pegou o cacto que ficava na janela e foi até a pia do banheiro regar a terra. Voltou com o vaso ainda pingando. Jogou dentro dele os cinco tatuzinhos que tinha recolhido no pátio da escola e guardado no estojo de lata. Viu Carminha cheirar os bichos, que não se mexeram, e logo perder o interesse.

Em cima da cama, brincou um pouco com o carrinho vermelho, presente do pai. Leu a última história de um gibi. Na frente do espelho da porta do armário, engoliu saliva uma, duas, três vezes, tentando perceber algo diferente.

Desceu para a cozinha. A mãe esquentava vagem refogada no fogão. No forno, torta de sardinha.

“Mãe?”

“Diga, filho.” Ela mexia a panela. “Antônio?”

“Demora?”

“Tá quase, pode ir lavando a mão.”

Estava bom, e tinha morango de sobremesa. Depois, os dois viram novela no sofá da sala. Durante o intervalo, o coração de Antônio bateu forte. O ar faltou, a visão escureceu. Ele encostou a cabeça no ombro da mãe, fechou os olhos e, aos poucos, se acalmou.

Quando a novela acabou, foi escovar os dentes sem a mãe pedir. Deu um beijo de boa noite e foi para a cama, triste.

Acordou com a mãe chamando. Olhou em volta devagar e reconheceu as dobras da cortina amarela, os adesivos de estrelas no teto, o macaco que abraçava fotos dos pais na prateleira perto da janela. Ainda era seu quarto.

Como sempre, se arrastou para o banho, colocou o uniforme que a mãe tinha deixado em cima da cama, tomou leite com Nescau, comeu pão com requeijão, escovou os dentes, pegou a lancheira e a mochila. Saiu de casa preocupado porque não tinha feito a lição de português e ainda não tinha morrido.

Então viu o ponto branco no chão do carro. Será? Sim, era o chiclete. O chiclete que ele comprou escondido da mãe, com o dinheiro que ela deu pro lanche. Um lanche especial, da cantina. O chiclete que ela disse que ele não podia mascar. Porque chiclete faz mal pros dentes e é perigoso. O chiclete que ele comprou mesmo assim. Comprou no recreio, escondeu no bolso e, no meio da aula, tomou coragem para tirar do papel e colocar na boca. Mascou com cuidado, devagar, saboreando o suco de cada mordida. Guardou, já sem gosto, na bochecha direita, na esquerda, debaixo da língua. Aproveitou o segredo até que, dentro do carro, na volta da escola, percebeu que não tinha mais nada na boca. “Engoli.” Ia morrer sufocado. E não podia contar para a mãe que tinha comprado o chiclete.

Agora, ao descer do carro, Antônio sorria. Não morreria mais. A partir de hoje obedeceria a mãe em tudo – não pularia o muro para a casa do Pedro, não daria pedaços do bife para a Carminha nem leria escondido depois que a mãe fechasse a porta do quarto à noite. Só parou de sorrir quando viu a tia Iara e lembrou da lição de português.

Teste número 58: torta de sardinha

Fonte – Caderno de receitas da minha mãe.
Grau de dificuldade – Fácil.
Resultado – Amor.

Ingredientes
Para o recheio
1/2 cebola picada
1 dente de alho picado
Azeite
1 lata de tomate pelado
1 lata de sardinha
Azeitonas
Salsinha
Pimenta-do-reino
Sal
Para a massa
2 xícaras de leite
2 ovos
1/2 xícara de óleo
10 colheres (sopa) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento
1 pires de queijo ralado
Sal
Pimenta-do-reino
1 dente de alho
Cheiro verde

Modo de preparo
Refogue a cebola e o alho no azeite. Junte o tomate, a sardinha desfiada e os demais ingredientes, com cuidado para não exagerar no sal (prove antes de acrescentar o sal). Cozinhe até os tomates desmancharem e o molho ficar grosso.

Bata todos os ingredientes da massa no liquidificador.

Despeje a massa em uma assadeira untada. Por cima, despeje o recheio (que vai afundar, é normal). Asse em forno pré-aquecido a 180 ºC.

Charutos de folha de uva e repolho — quitutes de uma síria no Brasil

Muna e a filha, Gawa, na aula de quitutes sírios

A comida que aprendeu a fazer com a mãe e a avó se tornou o ganha-pão da refugiada síria Muna Darweesh no Brasil. Em 2013, para escapar da guerra civil, ela, o marido e quatro filhos (o mais novo com 6 meses) deixaram para trás a cidade de Lataquia e se instalaram em São Paulo. Professora formada em literatura inglesa, Muna passou a vender na rua os quitutes que antes fazia só para a família. Hoje também aceita encomendas e dá aulas de cozinha no Migraflix, projeto que promove oficinas culturais com imigrantes. A próxima aula acontece no dia 20 de fevereiro.

Comidinhas e lembranças marcaram a tarde em que assisti a um curso de Muna e aprendi a receita a seguir. As lições culinárias valem a pena, mas a aula é imperdível mesmo pela oportunidade de ouvir as histórias da síria, contadas meio em inglês (com tradução), meio em português. “Nasci em uma cidade pequena e agradável no litoral do Mediterrâneo, cheia de flores e com um cheiro muito bom”, diz. “Damos muita importância para a comida. A família se reúne à mesa todo dia.”

Os charutos, segundo Muna, são para ocasiões especiais, porque demandam tempo. Quanto aos ingredientes, ela diz ter encontrado facilmente nos mercados paulistanos. “Os libaneses trazem tudo. Quando cheguei, pensei que estava no Líbano, e não no Brasil!”, brinca.

Ingredientes
(para 20 pessoas)
1 quilo de folhas de uva ou de repolho
1 quilo de arroz
200 gramas de carne moída
2 colheres de sopa de tempero sírio
2 colheres de sopa de sal
6 colheres de sopa de manteiga ou margarina
Suco de 10 limões
2 cubos de caldo de galinha (podem ser substituídos por pedaços de carne e osso de boi ou cordeiro)

Modo de preparo
Para preparar as folhas, coloque-as em água fervente por cinco minutos — faça isso aos poucos, com algumas folhas de cada vez.

Para o recheio, misture o arroz, a carne, o tempero sírio, o sal e a manteiga.

Em um prato, coloque a folha de uva com o lado exterior para cima. Disponha sobre ela uma linha fina de recheio, no sentido horizontal. Dobre as duas laterais da folha para dentro, depois a enrole de baixo cima. (Para o de repolho, corte cada folha na metade, no sentido do talo, depois siga os mesmo procedimentos. Apare as sobras e as reserve.)

Posicione os charutos lado a lado em uma panela com água suficiente para cobri-los bem e os cubos de caldo esmigalhados (ou coloque no fundo da panela os ossos e pedaços de carne e, sobre eles, os charutos; depois cubra com água). Se fizer o charuto de repolho, cubra o fundo com as aparas e acrescente ao caldo alho em pedaços.

Para evitar que os charutos se mexam e se desfaçam na panela, ponha sobre eles um prato fundo invertido e, em cima dele, um pote com água para fazer peso. Cozinhe por cerca uma hora, com atenção para que a água não seque.

A montagem que mantém os charutos no lugar durante o cozimento

Quando os charutos estiverem cozidos e ainda quentes, despeje sobre eles o suco de limão, em seguida os escorra.

No final, entra o suco de limão

Serviço:
Para ver o calendário de cursos, entre no site do Migraflix.

Para encomendar os quitutes de Muna, acesse a página Muna – Sabores & Memórias Árabes no Facebook.