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Torta de palmito da chef Renata Braune

A torta faz parte do menu de pupunha do La Reina Deli Bar (foto: Rogerio Gomes / divulgação)
A torta faz parte do menu de pupunha do La Reina Deli Bar (foto: Rogerio Gomes/divulgação)

A cozinha da infância de Renata Braune tinha cheiro de feijão preto e bife na frigideira. Das panelas da mãe, dona Therezinha, saía a melhor feijoada, além de cozidos e salgadinhos memoráveis. Algo bem mais próximo da comida acolhedora que a chef serve hoje no La Reina Deli Bar do que da alta gastronomia dos 17 anos passados à frente do francês Le Chef Rouge. Até 2 de agosto, a nova casa oferece um menu especial de palmito, com diversas preparações de pupunha fresco cultivado em Peruíbe (litoral de SP): empanado, assado com manteiga de ervas e bacon, como sopa cremosa, em torta e em duas versões de pastel (com queijo ou com linguiça. Hum…)..

Se as receitas têm um quê de familiar, é de propósito. No La Reina, inaugurado em março no bairro paulistano de Pinheiros, a chef se inspira nos pratos brasileiros da casa da gente e nos cardápios dos botecos cariocas. “Minha ideia é resgatar as influências da comida do Rio de Janeiro, e ela tem muito de português e espanhol”, diz Renata, que nasceu no Rio, se mudou para São Paulo aos 7 anos e, depois, passou várias férias na cidade natal.

Aqui o palmito é assado em papel-alumínio só com sal, depois recebe manteiga de ervas e bacon
Aqui o palmito é assado em papel-alumínio só com sal, depois recebe manteiga de ervas e bacon

No cardápio do La Reina entram croquetes e croquetas (versão espanhola, mais cremosa, do petisco), churrasco de domingo, linguiça acebolada, polpetone com batatas bravas e churros com doce de leite. Algumas receitas vêm diretamente de dona Therezinha, como o bolinho de arroz e o picadinho, acompanhado de arroz, quibebe, farofa de ovo e banana grelhada. E ai da filha se errar a mão. “Minha mãe é mais crítica com o que ela fazia do que com a cozinha francesa”, conta Renata, formada na escola de culinária Le Cordon Bleu de Paris. Houve, por exemplo, uma discussão entre as duas sobre a ordem dos ingredientes no camarão com chuchu (quem entra primeiro: o camarão, para dar gostinho ao chuchu que vem depois, ou o chuchu, para o camarão não cozinhar demais?).

Quanto ao festival de palmito, pouco tem a ver com dona Therezinha, que sempre odiou o ingrediente. Já Renata… “Quando eu era criança, gostava de comer aquela saladona de palmito”, lembra a chef. “É também o meu recheio de pastel de favorito.” Para o site O Caderno de Receitas, ela passou a receita a seguir, que cai bem com folhas verdes e tem tudo a ver com uma gostosa refeição caseira.

Torta de palmito pupunha

Ingredientes da massa
400 g de farinha de trigo
200 g de manteiga
3 colheres de sopa de água
Sal a gosto

Ingredientes do recheio
500 g de pupunha
1 xícara de chá de legumes cortados em cubos, cozidos (cenoura, salsão e alho-poró)
2 colheres de sopa de manteiga
4 colheres de sopa de farinha de trigo
1/2 copo de leite (120 ml)
Sal a gosto

Preparo da massa
Misturar com a ponta dos dedos a farinha com a manteiga, esfarelando os dois ingredientes como uma farofa. Quando estiver bem misturado, colocar no centro da massa a água e o sal. Misturar bem para ficar uma massa homogênea. Descansar a massa na geladeira por 30 minutos. Abrir a massa com um rolo e colocar na assadeira, deixando uma porção para a cobertura. Descansar mais 30 minutos na geladeira.

Preparo do recheio
Levar ao fogo a pupunha cortada em cubos com metade da manteiga. Deixar dourar e acrescentar os legumes. Temperar com uma pitada de sal. Adicionar mais manteiga e farinha e deixar dourar. Acrescentar o leite e misturar, para dar cremosidade. Corrigir o sal e deixar esfriar antes de rechear a torta.

Montagem
Colocar o recheio sobre a massa na assadeira e cobri-lo com o restante da massa. Passar ovo diluído com água na superfície da torta, se quiser dourá-la. Assar por 20 minutos no forno médio.

A chef Renata Braune (sentada) com a equipe do La Reina Deli Bar (foto: divulgação)
A chef Renata Braune (sentada) com a equipe do La Reina Deli Bar (foto: divulgação)

Outro prato do festival: pastel de palmito com linguiça, acompanhado de pimenta dedo-de-moça
Outro prato do festival: pastel de palmito com linguiça, acompanhado de pimenta dedo-de-moça

Sobremesa sem palmito, mas com amor: churros e doce de leite
Sobremesa sem palmito, mas com amor: churros e doce de leite

ATENÇÃO: o restaurante La Reina Deli Bar não está mais em funcionamento.

Bombom de castanha inspirado no camafeu da vovó

Receita que passa de avó para neta: bombom de castanha-do-brasil (foto: Thays Bittar)
Receita que passa de avó para neta: bombom de castanha-do-brasil (foto: Thays Bittar)

Esta é uma receita de avó, mas não da minha avó, e sim da avó da chef Stephanie Mantovani, da doceria Addolcire. Na cozinha de dona Anita, descendente de espanhóis, a mistura de castanha, leite condensado e ovos recheava docinhos delicados chamados de camafeus (que minha avó Viquinha também fazia, mas com nozes). Na confeitaria da neta Stephanie, o mesmo creme ganhou cobertura de chocolate amargo 54,5% de cacau (em vez de fondant de açúcar) e o nome de bombom de castanha-do-Brasil.

Ingredientes
1 lata de leite condensado (395 gramas)
2 gemas de ovo
200 gramas de castanha-do-pará (mais um pouco para decorar)
500 gramas de chocolate para cobertura (de preferência amargo)

Modo de preparo
Numa panela fora do fogo, coloque o leite condensado, as gemas peneiradas (para atenuar o cheiro de ovo) e as castanhas já trituradas em um processador (reserve uma pequena parte de castanhas para a decoração).

Leve ao fogo médio e mexa constantemente até o recheio descolar do fundo. Para saber o ponto certo, passe um pão duro (tipo de espátula) no fundo da panela: se a risca feita se mantiver por alguns segundos, está pronto.

Com o recheio ainda quente, ponha-o em uma tigela reta, formando uma camada de 1 cm a 1,5 cm de espessura, sem ondulações.

Deixe esfriar em temperatura ambiente. Depois, com o auxílio de uma faca umedecida, corte o recheio em quadrados de 2,5 cm x 2,5 cm.

Para a cobertura, espete os pedaços de recheio em um garfo, mergulhe delicadamente em chocolate amargo (derretido em banho-maria) e coloque sobre papel manteiga. Logo em seguida, decore um dos cantos do bombom com a castanha reservada para a decoração e deixe-os assim até que cristalizem por completo. Depois, tire um por vez com cuidado para não deixar marcas dos dedos.

Mantenha-os fora da geladeira em local seco e sem calor.

Rendimento: cerca de 60 bombons.

Stephanie na Addolcire e com a avó, de quem herdou receitas e o gosto pelo doce (fotos: divulgação)
Stephanie na Addolcire e com a avó, de quem herdou receitas e o gosto pelo doce (fotos: divulgação)

A Addolcire fica na alameda Jauaperi, 1201, Moema, São Paulo – SP. Tel.: (11) 4305-4001.

Receita da chef Paola Carosella: ameixas tostadas com amaretto e baunilha

Paola recomenda fazer as ameixas "com cariño e boas intenções" (foto: divulgação / Jason Lowe)

Escrevi um perfil da chef argentina Paola Carosella para a edição de maio da revista L’Officiel. A entrevista aconteceu durante um almoço no café La Guapa da Livraria da Vila do bairro paulistano dos Jardins, e a conversa estava tão boa quanto as empanadas acompanhadas de salada e suco de hibisco.

Falamos de ingredientes frescos, viagens, ser jurada do reality show gastronômico MasterChef, lembranças de infância. Criança, Paola passava muito tempo com os avós, agricultores que se mudaram da Itália para a Argentina e plantavam, criavam animais e cozinhavam muito na periferia de Buenos Aires. “Na minha casa tinha coelho, porco, galinha, tomate, uva…”, lembra a chef. “Meu avô fazia azeite de oliva e vinho, que era horrível, e pescava, então tinha muito bicho o tempo inteiro.”

Era um estilo de vida muito diferente do que Paola leva hoje em São Paulo, se dividindo entre ser mãe e tocar um restaurante e dois cafés, além de projetos como o MasterChef e aulas de culinária. Para aumentar o contorcionismo no dia a dia, ela namora um fotógrafo inglês que mora em Londres, autor das imagens que ilustram a matéria da L’Officiel.

Mesmo em meio a essa correria, ela separou para a reportagem uma receita apetitosa como os assuntos de que tratamos. É a preparação desse prato que eu compartilho aqui, e destaco a recomendação da chef: deve ser feito “com cariño e boas intenções”.

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Ameixas tostadas com amaretto e baunilha

Ingredientes
400 g de ameixas frescas
1 fava de baunilha
3 colheres de sopa de açúcar mascavo
3 colheres de sopa de licor amaretto (ou suco de laranja se não quiser usar álcool)

Para servir
Creme de leite fresco batido sem açúcar ou iogurte grego ou sorvete de baunilha

Modo de preparo
Pré-aqueça o forno a 180 graus.

Lave e seque as ameixas.

Corte-as no meio (pode deixar o caroço que não sair facilmente).

Aqueça por 5 minutos uma travessa de louça ou vidro ou ferro dentro do forno.

Abra a fava de baunilha no centro, retire as sementes e coloque-as dentro de uma bacia junto com o açúcar e o amaretto.

Misture bem e coloque a fava aberta junto.

Acrescente as ameixas e misture com as mãos por um minuto com cariño e boas intenções. Coloque na forma pré-aquecida.

Leve ao forno por 10 minutos.

Retire e coloque num prato bonito as ameixas e tente resgatar a maior parte do suco que soltaram. Regue as ameixas com essa calda.

Ofereça o creme chantilly ou iogurte ou sorvete à parte. Pode acompanhar amêndoas torradas.

Rendimento: 4 porções.

(Fotos: divulgação / Jason Lowe)


Para cozinhar mais:

Receita de barreado da chef Ana Luiza Trajano

Barreado: carne cozida até desmanchar típica do Paraná, terra da minha mãe (foto: divulgação)
(Foto: divulgação)

Nas minhas lembranças de infância, barreado é o prato que eu não comi na viagem que eu não fiz porque fiquei de castigo. O ponto alto da temporada em Curitiba, preenchida por idas a casas de parentes da minha mãe, seria o passeio de trem até Morretes, onde provaríamos a carne cozida em uma panela de barro selada com massa de farinha. Mas nós nunca chegamos à estação. Um dia antes, na última das visitas familiares, eu e meus dois irmãos estávamos com a macaca. Corremos, pulamos, escalamos sofás, deslizamos em tapetes, rimos quando minha mãe, envergonhada diante da tia anfitriã, pedia para pararmos. O último recurso materno foi decretar que a viagem do dia seguinte estava cancelada.

Até hoje eu não fiz aquele passeio de trem. Mas já comi barreado uma porção de vezes, no Paraná e em São Paulo. Adoro os sabores concentrados e misturados pelo cozimento, a carne macia, o pirão de acompanhamento, o ritual de selar o encaixe da tampa com a panela para criar pressão.

Recentemente conheci o barreado preparado por Ana Luiza Trajano, do restaurante paulistano Brasil a Gosto, e pedi a receita para ela ( (o restaurante não está mais em funcionamento; hoje o que existe é o Instituto Brasil a Gosto). Eu não podia deixar o ano acabar sem compartilhar aqui o passo-a-passo dessa gostosura da terra da minha mãe. O prato faz parte do Menu Paraná, que a chef criou depois de uma viagem de pesquisa pelo sul do País e serve até domingo (21/12).

Barreado com pirão e banana-da-terra

Rendimento: 8 porções

Ingredientes
3 kg coxão mole
500 g bacon
4 cebolas
2 folhas de louro
5 ramos de tomilho
2 ramos de estragão
1 maço de manjericão
1 maço de manjerona
1 maço de cebolinha
1 maço de salsinha
3 ramos de sálvia
1 ramo de hortelã
Sal e pimenta-do-reino a gosto
150 ml de cachaça

800 g de farinha de mandioca

5 bananas-da-terra
300 ml de cachaça

Modo de preparo
(O barreado tradicional é cozido em uma panela de barro por 17 horas, mas no restaurante a chef o cozinha na panela de pressão por 3 horas. Depois o serve em panelas menores seladas com farinha só para manter o ritual de quebrar o lacre.)

Corte a carne em cubos grandes, corte o bacon em tiras bem finas e pique a cebola e as ervas (exceto o louro).

Forre o fundo da panela com lâminas de bacon. Em seguida, coloque uma camada de carne e, depois, uma camada generosa de cebola. Salpique as ervas. Repita a operação, ponha por último as folhas de louro e finalize com a última camada de bacon. Adicione os 150 ml de cachaça e cubra com água até o bacon de cima boiar. Cozinhe na panela de pressão por três horas em fogo médio. Depois de pronto, mexa bem para desmanchar a carne.

Para o pirão
Na hora de servir, espalhe um pouco de farinha de mandioca no fundo do prato e acrescente um pouco do caldo do barreado.

Para as bananas
Corte as frutas na transversal e as cozinhe no vapor de 300 ml de cachaça.

Panqueca de iogurte e maçã verde da chef Morena Leite

Panqueca de iogurte e maçã verde da chef Morena Leite

O café da manhã da pousada dos pais em Trancoso, na Bahia, era a ocasião perfeita para Morena Leite, ainda criança, colocar em prática um de seus passatempos prediletos: prestar atenção no jeito de falar e de comer dos hóspedes de diferentes partes do Brasil e do mundo. Hoje, aos 34 anos, à frente dos restaurantes Capim Santo e Santinho, em São Paulo, a chef gosta especialmente da primeira refeição do dia por ser um tempo que consegue dedicar a sua filhinha de 5 anos. Um momento diário para saborear comida gostosa em ótima companhia.

Fiquei sabendo um pouco mais sobre a história e a rotina de Morena ontem, em um evento da marca de utensílios de cozinha Le Creuset. Durante uma aula da chef, preparei três pratos de café da manhã. Primeiro, uma tapioca de goiabada com queijo gratinado na borda (o segredo para conseguir o efeito gratinado é, ao rechear o disco, deixar de propósito o queijo na beirada, caindo um tanto na frigideira). Depois, fritei panquecas de maçã verde bem gordinhas, provavelmente as melhores panquecas que já fiz ou comi (e olha que já participei de uma aula de crepes na escola de culinária Le Cordon Bleu, em Paris). Por último, ficaram prontos os pães de queijo, que comi com requeijão (Morena costuma fazer isso em casa) e doce de leite – eu não ia regular calorias no meio dessa festa, né?

Hoje publico aqui a receita de panqueca. Simples e gostosa, serve tanto para começar um domingo preguiçoso como para se entregar a um capricho sem culpa de dia de semana.

Rendimento
10 porções

Ingredientes
1 pote de iogurte natural
2 ovos
2 colheres de sopa de manteiga amolecida
2 colheres de sopa de açúcar
½ colher de sopa de raspas de limão (só a parte verde, porque a branca dá um gosto amargo)
1 xícara de chá de farinha de trigo  (se os ovos forem muito grandes ou muito pequenos, será preciso aumentar ou diminuir a quantidade de farinha)
1 colher de sopa rasa de fermento em pó
1 pitada de sal
1 maçã verde ralada (pra falar a verdade, na aula usei o dobro disso e achei que ficou ótimo)

Modo de preparo
Em uma tigela, misture o iogurte com os ovos. Acrescente a manteiga, o açúcar, as raspas de limão e a maçã ralada, depois, aos poucos, a farinha de trigo, o fermento e o sal.

Aqueça uma frigideira antiaderente untada com um fio de óleo. Despeje pequenas porções da mistura, fazendo discos altos (depois de despejar, use uma espátula para ajustar o formato arrendondado). Aguarde alguns minutos, até que comece a dourar e desgrudar do fundo da frigideira, então vire e doure o outro lado.

Sirva imediatamente, com um pouco de mel.