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Ensopado de lentilha metido a indiano

Ensopado de lentilha vermelha com tempero indiano- O Caderno de Receitas

Da série “A vida não é sopa, mas sopa é”, este ensopado de lentilha funciona como prato único, acompanhamento ou elemento principal de uma refeição. Preparei em uma noite para o almoço do dia seguinte, em que o servi com ovo pochê de micro-ondas por cima e arroz à parte. Depois, em um jantar, joguei por cima rodelinhas de quiabo grelhado e acompanhei de pão. Na próxima vez (que haverá, porque comida assim a gente faz em panelão), pretendo comer com arroz, carne, salada, fazendo as vezes do feijão de quase todo dia.

A receita começou com o ingrediente principal: lentilha vermelha. Eu tinha em casa, busquei ideias na internet, encontrei sugestões de pratos indianos, só que muitas pediam leite de coco, e eu não tinha nem podia sair para buscar, então resolvi improvisar em cima delas e dos temperos que tinha em casa.

Enfim, não dá para dizer que é um prato indiano, mas um prato metido a indiano. O que interessa é que é daquelas comidas que aquecem a gente numa noite fria. Ou que nos aguardam na geladeira prontas para nos socorrer num almoço corrido. Já disse que a vida não é sopa?

Receita

Ingredientes

  • Azeite
  • 1 cebola
  • 3 dentes de alho
  • 1 pedaço de uns 2 cm de gengibre
  • 1 pedaço de uns 2 cm de açafrão-da-terra (cúrcuma)
  • 400 gramas de lentilha vermelha
  • 2 batatas
  • 1 lata de tomate pelado
  • 2 litros de caldo de frango
  • 2 colheres (sopa) de tempero garam masala (ou a gosto)
  • 2 colheres (sopa) de tempero tandoori (ou a gosto)
  • Sal
  • 1 limão
  • Quiabo grelhado (opcional)
  • Ovo pochê (opcional)

Modo de preparo

  1. Refogue no azeite a cebola picada, depois o alho picado e o gengibre e o açafrão.
  2. Adicione a lentilha e mexa rapidamente. Junte a batata picada, depois o tomate, o caldo e os temperos.
  3. Espere a lentilha e a batata ficarem macias. Se necessário, acrescente mais líquido.
  4. No fim do cozimento, acrescente o suco de um limão.
  5. Se quiser, sirva com rodelas de quiabo grelhado ou um ovo pochê por cima (veja a receita do ovo de micro-ondas no post anterior)

Para cozinhar mais:

Capa do Livro Cozinha de Vó - Mariana Weber - Superinteressante

Cozinhe sua preguiça — e um homus de lentilha vermelha — com a chef do Chou

Gabriela Barretto cultiva a simplicidade nas receitas temperadas com ervas, especiarias e fogo do livro Como Cozinhar Sua Preguiça

Gabriela Barretto e o fogo (foto: Como Cozinhar Sua Preguiça)
Gabriela em foto do livro Como Cozinhar Sua Preguiça

 

Gabriela Barretto estudou gastronomia em Paris, apaixonou-se pelo fogo em uma road trip para a Patagônia e mantém um pé bem fincado na terra do interior de São Paulo. Em seu restaurante na capital paulista, o Chou, quem se sobressai é a matéria-prima em preparações despojadas mas ponderadas. “A simplicidade muitas vezes é mais preciosa que o complicado”, diz Gabriela.

Criada na fazenda dos pais em Descalvado (SP), onde preenchia dias preguiçosos com leitura e cozinha, Gabriela estudou Letras antes de cursar a escola francesa de culinária Cordon Bleu. Hoje emprega com cuidado as palavras ao descrever criações culinárias como a batata rústica amassada com ovo, mostarda e manjerona. “Ninguém pedia quando ela se chamava salada de batata”, conta em seu livro recém-lançado, Como Cozinhar Sua Preguiça (Melhoramentos). “Mas mudamos o nome dela e agora as pessoas a adoram.” Já no caso do homus de lentilha vermelha, resolveu manter o nome mesmo depois de tomar uma bronca de um cliente que explicou que “homus” é a palavra árabe para grão-de-bico e portanto só pode designar pasta de grão-de-bico. “Nós, cozinheiros, nos apropriamos da tradição muitas vezes sem cerimônia nenhuma.”

Para ir direto à receita de homus de lentilha vermelha, clique aqui.

Com direção de arte do marido de Gabriela, Pedro Inoue, e fotos de Gui Galembeck, o livro reúne 51 receitas que pregam uma cozinha sem complicação, de poucos e bons ingredientes – “só prepare se conseguir botar as mãos em lagostins muito frescos”, diz a chef sobre um dos pratos. “Qualquer outra coisa não vale a pena”. As páginas abrem o apetite para cozinhar e comer bem, mas guardando tempo para ficar com amigos e família (Gabriela recentemente teve um bebê) – ou para fazer nada.

Conversei com a chef para a seção do Caderno de Receitas na revista L’Officiel. A seguir, publico trechos dessa entrevista e uma das receitas do livro.


Compre o livro aqui:


Como foi crescer em uma fazenda?
Meus pais tinham uma relação forte com a natureza. E, apesar de a fazenda não ser produtiva, para vender, tinha muita coisa plantada. Horta, muita fruta, abelha… . O leite vinha do vizinho. Então tive muito acesso ao produto vivo, ainda no solo, e isso ficou comigo para sempre. Gerou um respeito pelo ingrediente e vontade de trabalhar com ele no estado mais nu possível.

Beth, mãe de Gabriela, em foto tirada em Descalvado em 1983 (foto: Como Cozinhar Sua Preguiça)
Beth, mãe de Gabriela, em foto tirada em Descalvado em 1983

 

Cozinhava lá?
Como hobby. Não tinha muito o que fazer na fazenda. Era uma vida mais solitária, não tinha vizinho, outras crianças para brincar na rua, então eu tinha que me virar. Desde pequena pegava revistas da minha mãe e cozinhava.

No livro você também cita como influência uma viagem pela Argentina.
Ela teve um papel importante por causa da vivência do fogo. Eu tinha um namorado argentino e em 2004 a gente viajou para a Patagônia a partir de São Paulo, acampando no caminho. Todo dia fazia comida na fogueira, então aprendi a manusear o fogo e me surpreendi com a versatilidade dele. Não fazia só para grelhados, mas cozidos, ovo frito, linguiça, e ficava diferente, porque a fumaça é perfumada. A gente tinha poucos utensílios: uma panela, uma frigideira, um escorredor. Tentava improvisar o máximo com os poucos utensílios e com o que comprava na estrada. Comprava um pão, depois achava um salame e pensava no que fazer com isso. Essa descoberta de misturar o que achava e o método do fogo com certeza influencia o modo como cozinho.

Perdemos o contato com os elementos? Como reverter isso?
Por viver em cidades e cada vez mais voltados para o consumo de bens materiais e até de conteúdo, deixamos que a comida fosse terceirizada, que ela fosse feita por restaurantes ou corporações. Perdemos o contato direto com a alimentação, e isso desconecta de coisas importantes, como o respeito pelo animal que se come, e ficamos mais covardes, com medo da comida, de cheiros… Foi um papo que compramos das corporações: comida é perigosa. No pós-guerra, a indústria queria vender os enlatados feitos para a guerra e houve um trabalho de convencimento com dois argumentos: conveniência, “você não precisa mais ficar escrava do fogão”; e segurança, “nós sabemos o que estamos fazendo”. E a gente sempre soube fazer, aprendeu com nossas mães e avós. O que a gente pode fazer para se aproximar é se reapropriar da alimentação. Não talvez em todas as refeições, mas em parte delas tem que se envolver. É o caminho para comer melhor, cozinhar melhor, ser mais independente. Hoje isso está voltando um pouco, essa noção de que para ter qualidade de vida tem que se responsabilizar por partes da sua vida. A indústria não está preocupada com isso, quer vender.

O que é abraçar a preguiça ao cozinhar? No que isso é diferente de ter preguiça de cozinhar?
A preguiça é constante na minha vida. Tem a ver com dias preguiçosos sem muito o que fazer no campo. Mas sou meticulosa, tenho um trabalho enorme para fazer coisas do meu jeito. O que eu quis dizer é: tudo bem ter preguiça. É importante aceitar, abraçar o imperfeito. Muitas coisas de que gosto são super-simples. E essa simplicidade muitas vezes é mais preciosa que o complicado. E a preguiça ainda é um tabu. Eu e meu marido, a gente pensa muito nisso, que não precisa produzir mais, consumir mais. A gente quer voltar para o menos.

Quais são seus ingredientes preguiçosos favoritos?
A gente fazia piada de que tudo no Chou tinha limão ou hortelã. Na verdade, eu uso muitas especiarias e ervas. Quase todos os pratos têm uma ou outra ou várias delas. Agregam sabor e não precisam de processo complicado. Coentro, cominho, gengibre… Como matéria-prima, o ingrediente supremo do preguiçoso é macarrão. É das coisas que mais trazem conforto e mais fáceis de fazer. Não tem coisa melhor na vida que um macarrão simples, com um pouco de azeite e parmesão.

Quem são seus autores prediletos?
O título do meu livro é uma homenagem a Mary Frances Kennedy Fisher (autora de Como Cozinhar um Lobo). Com elegância ela fala dos assuntos mais profundos, como dor, solidão e fome de amizade, usando a comida. Além dela, Vladimir Nabokov – o que ele faz com a palavra é virtuoso. Dos brasileiros, Guimarães Rosa, que tem um lirismo que poucos têm e usa coisas simples e cotidianas.

RECEITA

Homus de lentilha vermelha
(do livro Como Cozinhar Sua Preguiça)

Homus de lentilha vermelha (foto de Gui Galembeck no livro Como Cozinhar Sua Preguiça)

Ingredientes
1/4 de colher de sopa sementes de cominho
250 gramas de lentilha vermelha
1 1/2 colher de sopa de pasta de gergelim (tahine)
1 dente de alho
Azeite de oliva extravirgem
Sal a gosto
1 limão tahiti
1 pitada de sumac (opcional)
Para servir:
Pão, cenourinhas e outros vegetais crus

Modo de preparo
Esquente as sementes de cominho em uma frigideira para liberar seus óleos essenciais. Em um pilão ou moedor de especiarias, pulverize-as até virarem pó. Reserve.

Cozinhe as lentilhas em água, seguindo as instruções do pacote, até ficarem macias. Escorra bem. No liquidificador ou em um processador de alimentos, processe a lentilha com o tahine, o alho, o cominho e um pouco de azeite. Tempere com sal e suco de limão a gosto.

Deixe na geladeira até esfriar. Na hora de servir, coloque um pouco de azeite de oliva por cima e polvilhe o sumac. Sirva com pão, cenourinhas e outros vegetais crus.


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Lentilhada com linguiça para uma noite aconchegante em família

Combinação para uma noite sem frescuras: lentilhas com linguiça e bacon

Acabo de passar um fim de semana prolongado com a família em Vitória (ES) e fui muito bem alimentada durante a visita. Hoje e nos próximos dias, vou publicar receitas e dicas dessa curta temporada capixaba.

Começo com esta lentilha simples e saborosa preparada por minha mãe em uma noite fresca, que pedia até um casaquinho (ocasião não muito frequente na cidade). Provada ao lado de gente querida, acompanhada de um bom vinho (na verdade, uns bons vinhos) e queijos e frios artesanais da serra do Espírito Santo, a receita, inspirada em uma preparação do livro Nigellíssima, de Nigella Lawson, deixou a noite ainda mais gostosa.

Em seguida, dou o passo-a-passo detalhado.

Ingredientes
Bacon
Alho-poró (a parte mais tenra)
Azeite aromatizado com alho
Lentilha
Louro
Linguiça
Tomilho fresco
Sal
Cheiro-verde (salsinha e cebolinha)
Pimenta-do-reino e azeite apimentado (opcionais)

Modo de preparo
Em uma panela grande, minha mãe dourou bacon em fogo baixo, sem adicionar gordura porque ele já é gordo o suficiente. Depois, retirou os pedaços de bacon e os deixou de lado para usar mais tarde. Na mesma panela, ela refogou o alho-poró, cortado em fatias finas, na gordura do bacon somada a um pouco de azeite com alho. Em outra panela, para agilizar, começou a cozinhar a lentilha — sem sal, só em água temperada com algumas folhas de louro.

A linguiça dourou um pouco sobre o alho-poró. Em seguida, a panela grande recebeu também a lentilha, os pedaços de bacon e o tomilho. Foi preciso acrescentar um pouco de água fervendo até a lentilha ficar bem cozida.

Por fim, minha mãe temperou a lentilha com sal, pôs um pouco mais de azeite com alho e acrescentou cheiro-verde picado. Na mesa, deixou à mão pimenta-do-reino e azeite apimentado (que ela evitou usar em tudo por causa do netinho de dois anos que participava do jantar). Como acompanhamento, pão.


Para cozinhar mais:

Arroz espanhol com pato

Arroz bomba com pato: receita do menu especial do Tempranillo (foto: divulgação)
Arroz bomba com pato: receita do menu especial do Tempranillo (foto: divulgação)

Nesta semana o blog está internacional. Depois de bolinho de bacalhau português e steak tartare francês, publico um dos pratos servidos na Temporada do Arroz Espanhol que o restaurante Tempranillo Vinho & Cozinha, de São Paulo, promove até domingo.

Ingredientes
120 ml de azeite extravirgem
80 g de bacon
50 g de cebola
2 dentes de alho picados
120 g de tomate cortado em cubinhos
800 ml de caldo de pato*
480 g de coxa de pato desfiado
600 g de arroz bomba pré-cozido
160 g de lentilha pré-cozida
Sal e pimenta-do-reino moída na hora
Algumas folhas de radicchio
Salsinha picada para decorar
Anéis de cebola frita para decorar
Fatias de laranja para decorar

*Para fazer o caldo, coloque o pato (inteiro ou só coxas) em uma panela grande, cubra-o com água quente e leve ao fogo. Acrescente alecrim, tomilho, louro, manjericão, alho, cebola, salsão e cenoura e 250ml de vinho tinto. Cozinhe em fogo baixo até a carne do pato ficar bem macia (a ponto de se soltar facilmente do osso). Após cozido, retire o pato e desfie a carne. Reserve o caldo. Em outra panela, coloque a carcaça do pato e o caldo do cozimento, deixe reduzir em um terço e então passe o líquido por uma peneira.

Modo de preparo
Em uma frigideira de aço inox grande, pré-aqueça o azeite de oliva e adicione o bacon. Quando o bacon estiver dourado, junte a cebola, o alho e o tomate. Coloque o caldo e o pato e deixe esquentar bem. Adicione o arroz e a lentilha e deixe apurar, mexendo de vez em quando. Acerte o sal e a pimenta. Finalize com folhas de radicchio e salsinha e decore com cebola frita e laranja.

Rendimento
4 pessoas