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Torta de banana com farofa e pingos de goiabada e memórias

Torta de banana do caderno de receitas da minha mãe

Esta foi a primeira receita que publiquei no blog. Não por acaso. Criei este espaço para retomar bons pratos e lembranças, e a torta de banana está entre as mais doces. Uma sobremesa de tabuleiro, simples mas com riqueza de sabor e texturas. A torta que minha mãe dava um jeito de fazer na sua rotina de mãe de três, aluna e professora, e eu levava satisfeita para as festinhas da escola.

Refiz neste fim de semana, para amigos. Meu filho não deu bola, preferiu o sorvete que acompanhava a torta. Mas vai comer no lanche em breve. Quem sabe perceba nela o gosto de carinho.

Teste número 73: torta de banana
Fonte –  Caderno de receitas da minha mãe.
Grau de dificuldade – Fácil.
Resultado – Gostosa e cheia de memórias.

Ingredientes
3 colheres (sopa) bem cheias de manteiga gelada para fazer a massa, mais uma para salpicar sobre a torta montada
Bananas bem maduras (eu usei 6, mas depende do tamanho da fruta)
Ameixas secas picadas
Goiabada cremosa (ou goiabada sólida cortada em cubos)
1 e ½ xícara de maizena
1 e ½ xícara de açúcar
1 e ½ xícara de farinha de trigo
1 colher (sopa) de açúcar aromatizado com baunilha (existe uma versão industrializada; eu usei uma versão caseira, feita com uma fava de baunilha já sem as sementes imersa em um pote de açúcar)
1 ovo

Modo de preparo
Corte a manteiga em cubos e leve ao congelador.

Enquanto ela gela, fatie a banana no sentido do comprimento, pique as ameixas secas e a goiabada (se for usar a sólida) e unte a a assadeira.

Peneire e misture a maisena, a farinha de trigo e os açúcares em uma tigela grande. Acrescente o ovo e a manteiga e misture delicadamente com os dedos até obter a consistência de farofa granulada, como a de cobertura de bolo cuca. Não demore muito no processo para a manteiga não derreter.

Na assadeira, distribua uma camada de farofa, outra de banana com pedaços de ameixas e colheradas de goiabada cremosa (ou cubos de goiabada sólida). Repita as camadas. Cubra com farofa e salpique pedaços de manteiga.

Leve ao forno a 190º C até a lateral dourar. Se seu forno tiver a função grill, use para dourar a cobertura.

Sirva quente ou fria, pura ou com sorvete.


Para cozinhar mais:

Torta de banana e goiabada (que recheio!)

Torta de banana e goiabada

Servi receitas dos cadernos da minha família na abertura da Casa Taques, um novo espaço colaborativo em São Paulo. No cardápio, biscoito de parmesão, sanduíche de berinjela ao forno, bolo de fubá, mousse de chocolate amargo, brigadeiro e torta de banana com goiabada. O passo-a-passo desta última, eu publico novamente abaixo. Com uma dica: se sobrar recheio, comemore. Guarde o doce para comer mais tarde com bolo, queijo, sorvete, torrada…

Ingredientes da massa
120 gramas de farinha de trigo
60 gramas de manteiga
60 gramas de açúcar
1 gema
1/2 colher (sopa) de fermento químico
1 pitada de sal

Ingredientes do recheio
150 gramas de goiabada
5 bananas bem maduras

Modo de preparo da massa
Misture todos os ingredientes com os dedos até obter uma massa quebradiça.

Modo de preparo do recheio
Corte em pedaços a goiabada e a banana e coloque-as em uma panela com um pouco de água. Em fogo baixo, mexa e acrescente água aos poucos até que os ingredientes derretam e virem uma pasta grossa.

Montagem
Unte uma forma. Forre a forma com pedaços da massa como se fizesse uma colcha de retalhos bem selada. Em seguida despeje o recheio. Leve ao forno a 200ºC por cerca de 20 minutos.

Temporada cearense

Acabo de chegar a Jericoacoara, no Ceará, e vou passar alguns dias por aqui. Nesse período, assim como eu, o caderno de receitas da minha mãe ficará de férias (não tenho estrutura ou vontade de cozinhar grande coisa por aqui).
Quero lagartear.
Mas não abandonarei o blog. Pretendo postar curiosidades e receitas do que comer. Na verdade, já saí de São Paulo, onde moro, com uma missão: reencontrar uma senhora que, até minha última visita a Jericoacoara, anos atrás, vendia uma torta de banana sensacional (pelo menos na minha lembrança). Será que vou conseguir? Será que ela me passa a receita da torta? Será que é boa mesmo? Respostas nos próximos capítulos.
(Enquanto a torta não vem, público a foto do meu primeiro prato em Jeri: moquequinha de arraia com farofa do Bar do Alexandre.)

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Ganhei o selo Regina de qualidade

Estou metida.

Regina é uma cozinheira famosa na família da minhã mãe pela mão boa. Jantar que ela preparava enchia a gente de expectativa. Ai, o molho do assado da carne, o feijão, o cuscuz paulista! E não é que a Rê elogiou a torta de banana que eu preparei outro dia? Falou também que o doce a fez lembrar da minha avó Viquinha, com quem ela trabalhou há muitos anos. Fiquei feliz que só.

Atualmente a Rê faz faxina no meu apartamento. E cansou das panelas. Certa vez a sondei sobre trocar a diária de limpeza por uma diária de cozinha – já pensou ter a geladeira cheia daquelas comidinhas gostosas? Mas ela não quis. Disse que não tem mais paciência. Como tantas estrelas, resolveu renegar a própria arte. O que só faz crescer o mito – e ele ainda vai reaparecer neste blog, porque duas das receitas do caderno da minha mãe vieram da Rê.

Minha torta é melhor que a sua

Foto: Mariana Weber

Comecei mal. Logo na primeiro teste de receita do caderno da minha mãe, produzi uma massaroca dura e queimada nada a ver com a torta de banana dourada das minhas memórias. Ficou tão ruim que joguei fora rápido, para ninguém além de mim provar o gosto do fracasso – antes tirei algumas fotos, imbuída de um espírito maso-jornalístico, mas decidi que não mereço expô-las em público, para o bem da minha auto-estima.

À noite, quando minha mãe ligou para saber como tinha ficado a torta, investigamos o que poderia ter dado errado: “Você jogou uns pedacinhos de manteiga por cima, filha?” “Não, não está na receita, mãe!” “Ah, mas eu jogava…” E a banana? “Então, filha, vi a foto que você colocou no Facebook. Tem que ser mais madura.” Eu deveria saber desse detalhe de antemão, porque ele não consta na lista de ingredientes. Assim como eu deveria imaginar que uma xícara do caderno de receitas não é necessariamente uma xícara, aquela indicada por um tracinho no meu copo medidor: ela pode ser rasa, cheia, meio cheia, bem cheia – e às vezes isso não está especificado em lugar nenhum. Vai de feeling, sabe?

Estou reclamando, mas, na verdade, eu já sabia, ou desconfiava, de tudo isso. Se resolvi seguir as receitas da minha mãe ao pé da letra, foi para ver no que dava. E deu errado. Porque no texto muito está subentendido – tanto pela confiança na experiência básica da cozinheira quanto por minha mãe já ter acompanhado ao vivo o preparo dos pratos (ou pelo menos os provado). Só que, no meu caso, isso não funciona. Vi minha mãe cozinhar alguns desses doces e salgados, mas faz tempo, e agora estamos em cidades diferentes e nos encontramos pouco. Terei que me virar com dicas por telefone e meu próprio instinto. Medo.

No caso da torta, eu estava razoavelmente tranquila porque ela é um clássico da minha infância. Eu sabia bem que resultado deveria obter – e isso, como me diria mais tarde a chef e autora de livros de cozinha Heloisa Bacellar, é essencial, mais do que estabelecer medidas exatas na receita (em breve publicarei aqui uma entrevista com a Helô). Quando a cobertura da torta no forno foi mudando direto de branco pálido para preto queimado, sem passar pelo dourado, eu logo percebi que algo estava muito errado. E provavelmente isso significava que eu estava certa quando senti falta de manteiga para tanta farinha,  fato mais tarde confirmado por minha mãe e uma tia (meu experimento com o caderno de receitas esta mobilizando a família mundo afora!).

Teoricamente, os erros estavam explicados, e eu tinha os ingredientes para fazer uma segunda tentativa na manhã seguinte, mas procrastinei por uma semana. Era um dia ensolarado quando desisti de ir a uma aula de ioga, vesti o avental e coloquei em prática as instruções do caderno somadas às dicas obtidas por telefone. E não é que a torta de banana deu certo? Sozinha em casa, provei o primeiro pedaço e aprovei a cobertura crocante salpicada por pedaços de goiabada. Ficou tão boa que senti só um tiquinho de culpa por trocar o exercício por um doce.

Foto: Mariana Weber

Agora, sim, fazia sentido a memória dessa receita como uma das minhas favoritas. Muitas vezes minha mãe a preparava quando eu tinha que levar um prato para alguma festinha. Que eu me lembre, o meu tabuleiro de doce era sempre um dos melhores, e eu sempre comia um pouco dele, por mais que estivesse cercada de novidades.

Abaixo, dou o passo a passo já modificado, com comentários e adaptações. Além da questão da manteiga, acrescentei outras informações ao original, digamos, sucinto. Se quiser, adapte. Mas duvido que fique melhor que a minha… Ops, a da minha mãe!

Ingredientes
– 1 ½ xícara de maizena
– 1 ½ xícara de açúcar
– 1 ½ xícara de farinha
– 1 colher (sopa) de açúcar aromatizado com baunilha (você pode comprar a versão industrializada, mas eu tinha e usei aqui uma versão caseira, feita com uma fava de baunilha já sem as sementes imersa em um pote de açúcar)
– 2 colheres (sopa) bem, bem cheias de manteiga para a massa, mais uma para salpicar sobre a torta montada
– 1 ovo
– Bananas bem maduras cortadas ao meio no sentido do comprimento (eu usei 8 bananas, mas depende do tamanho da fruta)
– 1 bom punhado de ameixas secas e goiabada cortada em pedacinhos (minha mãe contou que, a despeito da receita anotada, não colocava ameixas, só goiabada. Como eu só soube disso depois de ir à compras, coloquei também as ameixas e acho que funcionou bem)

Modo de preparo
Peneire e misture a maizena, a farinha e os açúcares em uma tigela grande. Acrescente o ovo e a manteiga e misture delicadamente com os dedos até obter a consistência de uma farofa bem granulada, como a de cobertura de bolo cuca. Se for preciso, acrescente manteiga.

Em uma assadeira untada, distribua uma camada de farofa, outra de banana e então pedaços de ameixas e goiabada. Novamente distribua uma camada de farofa, uma de banana e os pedaços de ameixas e goiabada. Cubra com uma camada de farofa e salpique sobre ela pedaços de manteiga.

Leve ao forno médio alto até a cobertura ficar dourada (aqui em casa, isso levou uma hora e vinte minutos).

Coma quente, assim que sair do forno. Coma fria. Coma gelada. Coma com sorvete.

Para cozinhar mais: