Categoria: Da minha família

Receitas dos cadernos da minha mãe e da minha avó materna.

Ovos com brioche e queijo ao forno

Ovo ao forno: uma cara mais sofisticada para o meu amado pão com ovo

Agora sim. Refiz a receita de ovos ao forno da minha avó com adaptações e sem interrupções (no dia anterior, meu filho acordou e chorou quando os ovos estavam no forno).

Em vez de pão amanhecido, me fiz de rainha Maria Antonieta e usei brioche. Caprichei na quantidade de queijo — tanto que, em vez de dois ovos, comi só um, pois não cabia outro na tigelinha. Tasquei manteiga e noz-moscada, apesar de a receita não pedir. E consegui que a gema ficasse bem mole, escorrendo, do jeito que eu gosto. Acompanhado de salada de alface orgânica com macadâmias, foi um ótimo jantar.

Teste número 29
Receita: ovos ao forno
Fonte: caderno da vó Viquinha
Resultado: muito bom (um jeito mais elegante de servir pão com ovo, que adoro)

Ingredientes
1 xícara de brioche rasgado em pedacinhos (o original pedia simplesmente pão, mas resolvi esnobar)
3 colheres de sopa de leite
1 colher de chá de manteiga
Sal
Pimenta-do-reino
Noz-moscada
Queijo (usei o suíço raclette, mas fique à vontade para usar outro)
1 ou 2 ovos

Modo de preparo
Joguei o leite sobre o pão, que ficou bem úmido. Esmigalhei a manteiga por cima. Temperei com uma pitada de sal e pimenta-do-reino e noz-moscada moídas na hora. Misturei tudo com uma colher.

Transferi o pão umedecido para uma tigelinha. Cobri com o queijo em pedaços (mas também podia ser ralado). Por cima de tudo, quebrei um ovo.

Levei a tigela ao forno (180ºC) por 15 a 20 minutos. Na hora de servir, salpiquei uma mistura de sal em flocos e pimentas.

Rendimento
1 porção (se quiser mais, multiplique a quantidade dos ingredientes e distribua-os em tigelas individuais na montagem).

Para cozinhar mais:

Receita de ovos ao forno — dá para melhorar

Para me organizar, a partir de hoje, vou numerar e classificar os testes de receitas que publico aqui.

Começando pelo jantar de ontem, que foi assim: coloquei meu filho para dormir; comecei a fazer ovos ao forno; meu filho acordou; cantei “Nana nenê” até acalmá-lo; voltei à cozinha e os ovos tinham passado do ponto (gosto de gema mole); comi assim mesmo; percebi que teria sido melhor usar pão fresco, e não amanhecido, na base do prato; continuei a comer.

Hoje, pretendo fazer novamente a receita e, se ficar melhor, publicar o passo-a-passo.

Os ovos ao forno passaram do ponto, mas comi mesmo assim, com espinafre e tomatinhos

 

Teste número 28
Receita: ovos ao forno
Fonte: caderno da vó Viquinha
Resultado: fraco (gema dura, gosto de pão amanhecido)

Pãezinhos de milho para comer com manteiga

Pão de milho quentinho com manteiga

Faz tempo que não publico receitas porque ando sem tempo para cozinhar e… Mentira. Até tenho corrido bastante, mas fiz duas receitas recentemente e não postei aqui porque deram muito errado: um pudim que escorreu para fora da forma e biscoitos de gengibre deliciosos que moldei feito homenzinhos mas saíram do forno com jeito de atropelados. Hoje, finalmente, algo deu certo — também, escolhi uma receita bem simplesinha, para não me decepcionar novamente

Simples e boa.  Esses pães, tirados do caderno de receitas da minha avó Viquinha, ficam uma delícia quando comidos ainda quentinhos, com manteiga derretendo.

(Em tempo, vou refazer o pudim e os biscoitos de gengibre. Quando acertar a mão, publico aqui.)

Ingredientes
1 xícara de fubá de milho
1 xícara de farinha de trigo
1 xícara de leite
1 colher de chá de açúcar
1 colher de sopa de manteiga
2 colheres de chá de fermento
½ colher de chá de sal
2 claras em neve

Modo de preparo
Misturei todos os ingredientes com uma colher, acrescentando por último as claras em neve e então mexendo levemente.

Achei que a massa ficou bem líquida, então fiz um teste: distribui metade, às colheradas, em uma assadeira untada e enfarinhada com fubá; à outra metade acrescentei um pouco mais de fubá, até a massa ficar consistente, embora ainda pegajosa, e então moldei os pãezinhos e os coloquei em outra assadeira untada e enfarinhada.

Levei as duas assadeiras ao forno pré-aquecido a 180ºC. Depois de assados, os pães das duas assadeiras ficaram gostosos, mas os da massa líquida — de crosta lisa e interior mais fofo — perderam no quesito aparência (para as fotos, usei os da massa com fubá adicional).

Receita de pão caseiro de milho

Meu primeiro lagarto

Um anotação no pé da página avisava: “copiado por engano neste livro”. Que sorte, pensei. Minha avó, sem querer, tinha deixado para mim, em um caderno de receitas doces, o passo a passo do lagarto recheado que ela costumava cozinhar (o caderno de salgados, não sei onde foi parar). Decidi servir a carne no jantar de ontem à noite, e então me vi diante de uma série de tarefas inéditas na minha vida.

Pela primeira vez, limpei uma peça de carne, tirando capa de gordura e membranas brancas. Não ficou a coisa mais bem acabada do mundo, mas até que foi fácil – e, com parte das aparas, fiz a alegria da minha gata, a Lola, hipnotizada por meus movimentos com a faca.

O resultado da minha luta com o lagarto: comida caseira, simples, gostosa
O resultado da minha luta com o lagarto: comida caseira, simples, gostosa

Em seguida, lutei com força e certo constrangimento para enfiar a cenoura na carne. Por sorte, ninguém além da gata estava em casa para presenciar a cena. A cenoura era muito grossa, nenhuma faca dava conta de abrir um buraco adequado. No fim, cortei o legume no sentido do comprimento, para ficar mais fino, e tentei encaixar cada pedaço a partir de uma extremidade da carne. De um lado, deu certo. Do outro, a cenoura se partiu, mas resolvi deixar assim mesmo.

Veio então a dúvida sobre a quantidade de sal. A receita recomendava não salgar a carne e cozinhá-la em caldo de carne industrializado em cubos, mas eu tinha caldo de carne caseiro, bem menos salgado, feito outro dia pelo meu marido. Com medo de a carne ficar insossa, atirei um tantão de sal, depois me arrependi, porque o molho iria reduzir bastante. Acrescentei então algumas batatas, para que absorvessem parte do sal.

No fim, o tempero ficou bom. E, no fim, esta não era a receita que minha avó costumava fazer – descobri ao telefonar para minha mãe para tirar uma dúvida. Na receita mais usual da família, o lagarto é dourado já no início da preparação, formando uma casquinha na panela que, com água quente adicionada pouco a pouco durante o cozimento, cria um molho escuro. Na receita que peguei no caderno da minha avó, a carne é cozida desde o começo em bastante líquido – o visual branquelo só foi embora no final, com o acréscimo de um pouco de vinho do Porto (toque do meu marido) e após uma leve queimada (ou caramelizada, se você preferir).

O lagarto que preparei para o jantar pode não ser o que eu costumava comer na infância, mas ficou bem gostoso – já satisfeita, não resisti a repetir um pouco de arroz encharcado no molho, de tão bom que estava . Fora os perrengues que descrevi acima, é também bastante simples de fazer, embora de cozimento demorado (cerca de duas horas).

Vamos ao passo a passo.

Lagarto recheado de cenoura

Ingredientes
1 lagarto pequeno (usei uma peça de 1,3 quilo)
1 cenoura grande ou 2 cenouras médias
1 litro de caldo de carne
1 dente de alho espremido
1 colher de café de orégano
2 folhas de louro esmigalhadas
Pimenta-do-reino
Sal
1 colher de sopa de vinagre
1 dose de vinho do Porto
1 colher de sopa de manteiga
1 colher de sopa de farinha

Modo de preparo
Limpe a peça de carne – ou peça para o açougueiro fazer isso.

Fure a carne no sentido do comprimento e insira uma cenoura no buraco – ou abra um buraco de cada lado e insira duas cenouras. (Existem acessórios próprios para isso, e provavelmente seu açougueiro dá conta também desse serviço, mas eu fiz do jeito difícil, com uma faca.)

Tempere a carne com o alho, o orégano, o louro e a pimenta – não é preciso acrescentar sal se o caldo já for salgado.

Coloque o lagarto em uma panela om o caldo fervendo. Acrescente então o vinagre e o vinho do Porto. Quando o líquido voltar a ferver, diminua o fogo para o mínimo possível e deixe a carne cozinhar, virando-a de vez em quando, até o caldo quase secar. Então fatie a carne e coloque-a de volta na panela.

Com cuidado, deixe que o molho grude um pouquinho no fundo, depois acrescente algumas colheradas de água e solte essa crosta com uma colher de pau – isso dá cor e sabor ao prato.

Para finalizar, derreta a manteiga em uma frigideira e cozinhe nela rapidamente a farinha, mexendo bem para formar uma mistura homogênea. Jogue essa mistura no molho da carne para engrossá-lo.

Sequilho de araruta (ou a história do biscoito dos 7 erros)

Minha mãe me disse que na adolescência sempre assava estes biscoitos de araruta, muito simples de preparar. Pois para mim a receita pareceu encantada. Tudo o que eu tentava fazer dava errado.

Acabei acertando a mão, então publico o passo a passo no fim do post.  Antes, porém, vamos aos meus tropeços:

Erro número 1 – Acreditar que encontraria farinha de araruta facilmente em São Paulo.
Entrei em um, entrei em dois, entrei em três, entrei em quatro, entrei em cinco mercados. Nada. Em um deles, o atendente me olhou entre pasmo e ofendido quando perguntei pelo item. Desisti de fazer o biscoito naquele dia. Só iria encontrar a tal farinha semanas depois, em um box do mercado de Pinheiros. Em tempo: araruta é uma planta da América do Sul cuja fécula já foi muito usada e, segundo minha mãe, podia ser achada em qualquer supermercado, junto com o amido de milho e o polvilho de mandioca.

Erro número 2 – Tentar dividir a receita (ou ser desatenta, você decide qual é a questão).
Meio quilo de farinha de araruta me pareceu muita coisa. Resolvi fazer tudo pela metade. Em vez de três ovos, usaria um e meio. Só que, na hora de despejar as gemas na mistura, me distraí e joguei duas.

Erro número 3 – Não checar se tinha todos os ingredientes à mão na quantidade necessária.
Que mal meia gema a mais faria? Meu primeiro impulso foi seguir em frente, até porque o tamanho dos ovos varia. Mas pensei de novo e decidi completar as quantidades para fazer a receita inteira. Mais araruta, mais farinha, mais gema, mais manteiga. Ops, acabou a manteiga?!

Erro número 4 – Insistir no erro (ou ter preguiça de voltar ao supermercado).
Eu quase tinha a quantidade de manteiga necessária. Misturei os ingredientes e percebi que a massa estava um pouco seca, difícil de moldar. Mas quem sabe vai, né? Montei discos meio mequetrefes, untei uma forma com óleo e segui em frente.

Erro número 5 – Exagerar na decoração.
Meu marido tinha jogado fora um resto de goiabada que morava na minha geladeira. Um resto que seria suficiente para esta receita, a qual pede apenas um tiquinho do doce no alto de cada biscoito. Comprei um tijolão novo de goiabada só para fazer os biscoitos e caprichei na quantidade desse ingrediente – pena que ele grude um tanto no dente depois de assado.

Erro número 6 – Não separar todos os ingredientes que serão usados na receita.
Os biscoitos já estavam no forno quando me dei conta: “Esqueci de colocar a baunilha!”.

Erro número 7 – Resolver a vida enquanto os biscoitos estão no forno.
Uns minutinhos de distração e o fundo deles começou a escurecer.

Depois dessa sequência de tropeços, o resultado ficou melhor do que eu esperava. Um tanto quebradiço, com jeito de sequilho. Meu filho viu, quis experimentar e aprovou, então já valeu (ele só reclamou um pouco quando um troço de goiabada grudou em um dente, mas depois a gente vê isso com a dentista).

Guardei um tanto da massa na geladeira para assar no dia seguinte. Com uma colherada extra de manteiga, pedaços menores de goiabada e mais atenção no tempo de forno, os biscoitos ficaram bem melhores. A receita desencantou (mas outro dia ainda vou tentar fazê-la direitinho do começo ao fim).

Depois de um acerto aqui e outro ali, os biscoitos de araruta saíram - e ficaram bons!

Biscoitos de araruta

Ingredientes
½ quilo de araruta
250 gramas de farinha de trigo
250 gramas de açúcar
1 colher de sopa de fermento químico
250 gramas de manteiga
3 ovos (as claras em neve)
Gotas de extrato de baunilha (a gosto)
Raspas de casca de limão (opcional)
Pedaços de goiabada (ou goiabada cremosa)

Modo de fazer
Misture os ingredientes secos. Junte a manteiga e amasse tudo com as mãos. Adicione também as gemas, a baunilha e as raspas de limão e amasse mais. Por último, acrescente as claras batidas em neve.

Faça bolinhas e amasse para moldar pequenos discos. Coloque-os em uma assadeira untada. Sobre cada um deles, posicione um pedacinho de goiabada ou um pouco de goiabada cremosa.

Asse em forno baixo.