Mês: junho 2015

O mito da avó saudável

Nostalgia e açúcar: chá da tarde com bolo

Depois que me engajei na missão de cozinhar todos os pratos dos cadernos de receitas da minha mãe e da minha avó, passei a comer muito mais açúcar. Bolos, biscoitos e tortas nunca foram frequentes aqui em casa. Agora são. Se abro a despensa, dou de cara com leite condensado esperando para virar guloseima (eu não comprava tanto leite condensado desde a adolescência, quando, em tardes de fúria, era capaz de comer uma lata inteira, gelada, de colher).

Resolvi refazer a comida da minha família porque queria esmiuçar memórias. Mas logo fiquei abismada com a quantidade de açúcar, farinha branca e gordura das preparações e passei a questionar (mais) a ideia de que antigamente é que se comia direito. Envolta nessas experiências, entrevistei o escritor americano Michael Pollan, uma espécie de cruzado contra os alimentos industrializados e autor da máxima: “Não coma nada que sua avó não reconheceria como comida”. Quando perguntei se não exagerávamos no saudosismo em relação à cozinha de nossos antepassados, Pollan respondeu que às vezes sim, mas argumentou que hoje compramos doces prontos a qualquer hora, enquanto nossas avós os preparavam em ocasiões especiais.

Talvez a avó dele fosse assim. Na casa da minha avó materna, toda tarde tinha chá com bolo, rosca, biscoito, geleia. Sem faniquitos por causa de um ingrediente pouco saudável aqui ou ali, da cozinha dela saíam também assados com caldo de carne em tabletes, provavelmente transbordando de sódio. Margarina era uma opção, assim como leite condensado, apontado pelo crítico Dias Lopes, do Estadão, como “um produto que está descaracterizando a doçaria tradicional brasileira”. Ah, mas como era linda a gelatina fantasia, repleta de cubos coloridos!

As receitas da minha avó (e de muitas outras) talvez não passassem pelo crivo de um expert em gastronomia ou de um nutricionista. Para cozinhá-las hoje, pego leve no açúcar e substituo ingredientes. Mas eram gostosas, carregadas de história, e reuniam a família à mesa para criar novas histórias. Se a vida é mesmo curta, melhor caprichar no recheio. Minha avó caprichava.

* Publiquei este texto originalmente na revista L’Officiel. Lembrei dele enquanto me ocupava de mais um teste de pudim (receita em breve aqui no blog). Você sabe, a gente tem que provar todos os experimentos, né?

Do bar do Terraço Itália: rolinho de mussarela de búfala, presunto cru, tomate e rúcula

O involtino e outras comidinhas do festival de mussarela do Terraço Itália (foto: divulgação)
O involtino e outras comidinhas do festival de mussarela do Terraço Itália (foto: divulgação)

Esta receita simples, que junta uma porção de coisas gostosas, faz parte de um menu de pratos com mussarela servido até 30 de junho no bar do Terraço Itália. Você pode prepará-la em casa, tanto como aperitivo quanto como uma salada — só vai faltar a vista da cidade de São Paulo que se tem a partir do 42º andar do Edifício Itália.

Involtino di mozzarella

Ingredientes
100 g mussarela de búfala em folha
50 g presunto de Parma
60 g tomate seco
Rúcula a gosto
Azeite extra virgem a gosto

Montagem
Abra as folhas de mussarela e recheie com os demais ingredientes. Enrole o queijo no formato de um rondelli. Corte em rodelas e decore com rúcula. Finalize regando com azeite.

Sugestão para a happy hour: mussarela, presunto, tomate e rúcula (foto: divulgação)
Sugestão para a happy hour: mussarela, presunto, tomate e rúcula (foto: divulgação)