Categoria: Da minha família

Receitas dos cadernos da minha mãe e da minha avó materna.

Me refresca que eu gosto (3 doces gelados)

Nem só de sorvete são feitas as sobremesas de verão. Enquanto eu derretia em uma tarde calorenta em São Paulo, montei esta pequena seleção de doces gelados já publicados no blog.

Gelatina de laranja

ingredientes para gelatina de laranjaIngredientes
5 folhas de gelatina sem sabor
5 laranjas
½ xícara de água
Açúcar a gosto (eu não coloquei nada, mas a receita pedia, e acho que a maior parte das pessoas vai preferir adoçar um pouco)

Modo de preparo
Pique a gelatina e misture com 5 colheres de sopa de água.

Esprema as laranjas.

Junte o restante da água à gelatina e leve em uma panela ao fogo baixo até dissolver, sem deixar ferver. Tire do fogo e junte o suco de laranja.

Passe o líquido por uma peneira e em seguida o distribua em forminhas de silicone. Deixe na geladeira até firmar (eu deixei seis horas).

Na hora de desenformar, passe com cuidado uma faca nas laterais das formas, então as vire sobre pratinhos e aperte um pouco para soltar os doces.

Pavê de chocolate

Pavê de chocolateIngredientes
3 colheres bem cheias de manteiga
250 gramas de açúcar
5 gemas
3 colheres de cacau em pó
Biscoitos tipo champanhe
Vinho de sobremesa

Modo de preparo
Misture bem a manteiga, o açúcar, as gemas e o cacau até formar um creme.

Para montar o doce, espalhe uma camada do creme no fundo de uma tigela. Em seguida, mergulhe rapidamente os biscoitos no vinho, disposto em um prato de sopa, e faça uma camada de biscoitos sobre a de creme. Faça então mais uma camada de creme, mais uma de biscoitos embebidos em vinho e mais uma de creme.

Coloque a tigela no congelador por cerca de uma hora (para acelerar o processo) e depois a desça para uma prateleira da geladeira e a deixe ali até a hora de servir.

Creme de morango

creme de morango

Ingredientes
2 caixinhas de morangos (cerca de 500 gramas)
100 gramas de açúcar
250 ml de leite frio
125 ml de creme de leite fresco

Modo de preparo
Lave bem os morangos, corte as folhas e os amasse bem com um pilão. Mistur a fruta com o açúcar e deixe a infusão na geladeira por uns 20 minutos.

Passe a fruta amassada por uma peneira, espremendo bem. Reserve a polpa que sobrou para fazer uma geleia mais tarde.

Junte o leite e o creme de leite à fruta e misture tudo. Volte um pouco o doce à geladeira para ficar bem refrescante e depois sirva em taças de bebida.

 

Pão caseiro de mandioquinha

receita de pão rápido de de mandioquinha

O café da manhã é outra coisa quando inclui um pão que você mesmo fez. Este, com mandioquinha, eu fiz a partir de uma receita do caderno da minha avó Viquinha. Diminui as quantidades, comprei mandioquinha e ovo orgânicos na Feira do Parque da Água Branca, troquei margarina por manteiga (Roni), usei uma boa e cara farinha de trigo italiana (Caputo, tipo 00) e consegui um pão gostoso para comer com mel, manteiga, queijo e tomate…

Teste número 54: pão de mandioquinha
Fonte – Caderno de receitas da minha avó Viquinha.
Grau de dificuldade – Fácil.
Resultado – Um pão caseiro saboroso feito de bons ingredientes.

Ingredientes
250 gramas de mandioquinha
250 gramas farinha de trigo (ou o que bastar para dar liga)
1 ovo
1 colher (sopa) de fermento em pó
1/2 colher (chá) de sal
1/4 de xícara de leite morno
30 gramas de manteiga

Modo de preparo
Cozinhe a mandioquinha descascada até ficar macia. Ainda quente, passe por um espremedor.

Misture a mandioquinha aos demais ingredientes. Amasse com as mãos até a massa deixar de ficar grudenta.

Molde o pão, coloque em uma forma untada e leve ao forno a 180 ºC. Se estiver em dúvida se o pão já está pronto, enfie um palito nele. Se a madeira ficar com pedacinhos de massa grudados, asse um pouco mais.

O que fazer com as bananas maduras? Torta!

Torta de banana e goiabada
É a segunda vez que faço essa torta de banana e goiabada. Um casal de amigos vinha para o jantar e resolvi prepará-la com umas bananas que estavam prestes a passar do ponto. Para não ficar com muita sobra de doce em casa, cortei pela metade as quantidades dos ingredientes (a receita abaixo já está adaptada a essa versão reduzida). Funcionou bem: a torta ficou mais baixa e com a massa mais fina.

Teste número 53: torta de goiabada e banana da Regina
Fonte – Caderno de receitas da minha mãe – mas a “dona”da receita é a Regina, diarista e supercozinheira que trabalha com a minha família há anos.
Grau de dificuldade – Fácil.
Resultado – Uma boa sobremesa, especialmente quando acompanhada de um sorvete de iogurte.

Ingredientes da massa
120 gramas de farinha de trigo
60 gramas de manteiga
60 gramas de açúcar
1 gema
1/2 colher (sopa) de fermento químico
1 pitada de sal

Ingredientes do recheio
150 gramas de goiabada
5 bananas bem maduras

Modo de preparo da massa
Misture todos os ingredientes com os dedos até obter uma massa quebradiça.

Modo de preparo do recheio
Corte em pedaços a goiabada e a banana e coloque-as em uma panela com um pouco de água. Em fogo baixo, mexa e acrescente água aos poucos até que os ingredientes derretam e virem uma pasta grossa.

Montagem
Unte uma forma. Forre a forma com pedaços da massa como se fizesse uma colcha de retalhos bem selada. Em seguida despeje o recheio. Leve ao forno a 200ºC por cerca de 20 minutos.


Para cozinhar mais:

O gosto do mundo

Pedro de avental de cozinha

Ter filho é sentir de novo o gosto de experimentar o mundo pela primeira vez. O gosto do pão, o gosto do pêssego, o gosto do vento na cara na praia, o gosto de aprender uma palavra, de beber água da chuva, de raspar a tigela de massa de bolo, do cheiro de sabonete da vovó.

– O que é isso, mamãe?
– Isso o quê?
– Esse cheiro.
E eu, com a cabeça no dia-a-dia, não tinha sentido nada.
– Vem da petshop. Deve ser xampu de cachorro.
– Delícia.

O narizinho atento que se enfia no bolo de chocolate, no meu cabelo, no pelo da ovelha na fazenda.

Agora ele sabe falar. “Tô satisfeito”, diz para a mãe satisfeitíssima. Mas não precisou dizer nada para mostrar o quanto amou pipoca quando comeu pela primeira vez, no circo. Com um ano, ria, comia, colocava algumas na minha boca para dividir a felicidade.

E limão então. Ao chupar uma fatia, uma careta daquelas, seguida pelo já clássico “Mais!”.

Uvas passas são moscas, e isso é bom. Sopa de pedra tem um sabor especial, ainda mais quando o ingrediente mágico vem de um garimpo no parque. A fatia de pão vira dinossauro, tubarão, formiga. Uma transformação por mordida. A alegria de explodir a película da semente do mamão, alegria quase tão grande quanto a de sentir as patinhas do tatu-bola passeando na pele.

O riso. Um riso solto, claro, transparente. Com os olhos.
– A gente tinha um gato que jogava os tomates no chão… Ploft! E brincava com eles até que ficavam cheios de furinhos.
– Hahaha. De novo!
– De novo o quê?
– O barulho.
– Ploft?
– Hahahaha.
– Ploft!
– Hahahaha! De novo!

– Você derrubou o suco sem querer?
– Não. Foi de hipopótamo.
E a bronca vai pelo ralo.

As ambições.
– Eu como muito. Sabe por quê? Pra virar pai!
Ou
– Mamãe, quero comer a Lua!

Eu também, filho.

O misterioso caso do bolo de chocolate da Folha de S.Paulo

bolo de chocolate
Uma anotação no caderno da minha avó Viquinha indica que esta receita veio da Folha de S.Paulo. Mas vasculhei dezenas de menções a bolo de chocolate no acervo do jornal, indo até os arquivos dos anos 1960, e não encontrei este em lugar nenhum. Em compensação, me deliciei com as imagens de moda dos anos 1970 (quero comprar a cacharrel e a japona do Mappin!), o anúncio do restaurante com “flautas andinas ao vivo”, os bolos decorados como nas festinhas da minha infância. Isso sem falar nos títulos pré-politicamente correto. “Agarre seu homem pelo estômago”, dizia a seção “Folha Feminina” em 1964. Arrepiei ao ler, mas bem que fiquei com vontade de fazer o bolo de camarão pega-marido explicado ali.

Voltando ao bolo da minha avó. Não sei de onde ela tirou a receita. mas já a preparei duas vezes, porque é simples e não leva leite (bom para o meu filho, que passou uns tempos sem laticínios por recomendação médica). Em vez de um bolão, fiz vários bolinhos. Eles assam rápido, são práticos para levar de lanche ou em um piquenique e permitem uma proporção de calda/massa mais vantajosa (pelo menos para quem adora calda).

Bolinhos de chocolate

O caderno da minha avó só dizia para servir com calda quente, sem dar instruções de como prepará-la. Fiz duas variações sem leite: uma com óleo vegetal e outra com manteiga de cacau. Ambas satisfizeram e ficaram boas também quando frias. Fez diferença ter usado o ótimo chocolate orgânico Amma 60%.

Teste número 52: bolo de chocolate sem leite
Fonte – Caderno de receitas da minha avó Viquinha.
Grau de dificuldade – Fácil.
Resultado – Um gostoso bolo simples de chocolate elevado a outro nível por uma ótima calda.

Ingredientes
6 ovos
6 colheres (sopa) de açúcar
6 colheres (sopa) de farinha de trigo
2 colheres (sopa) de chocolate em pó (ou cacau puro, se gostar de doce menos doce)
1 colher (sopa) de fermento em pó
Para a calda:
200 gramas de chocolate em barra
3 colheres (sopa) de óleo vegetal (ou 100 gramas de manteiga de cacau)

Modo de preparo
Bata as claras em neve. Sem parar de bater, junte as gemas e o açúcar. À parte, misture a farinha, o chocolate e o fermento peneirados. Junte essa mistura às claras batidas com as gemas e o açúcar.

Leve ao forno a 180 ºC em uma forma untada e enfarinhada.

Para a calda de chocolate, derreta lentamente o chocolate em banho-maria junto com o óleo ou a manteiga de cacau, mexendo para misturar os ingredientes.