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Pão de queijo da chef Helô Bacellar

Pão de queijo de Helô Bacellar no Lá da Vendinha - Foto de Lucas Terribili
Pão de queijo da Helô Bacellar no Lá da Vendinha (foto: Lucas Terribili)

A revista L’Officiel Brasil de fevereiro chega às bancas hoje e, com ela, mais uma coluna d’O Caderno de Receitas. Está lá, entre outras notas saborosas, a abertura da nova casa da chef Heloisa Bacellar: o diminuto Lá da Vendinha, misto de café e loja de fábrica no bairro paulistano da Barra Funda. Ali são produzidas e vendidas com desconto delícias como o pão de queijo e o bolo de milho disponíveis também nas unidades do Lá da Venda na Vila Madalena e no shopping JK Iguatemi.

Helô já tinha me dado dicas e receitas preciosas em uma conversa sobre pratos de família publicada logo no início do blog. Desta vez ela compartilhou o passo a passo detalhado do pão de queijo, que já foi eleito o melhor de São Paulo – e é mesmo bom que só ele.

Heloisa Bacellar - foto de Lucas Terribili
Helô no Lá na Vendinha, que ela mesma decorou (foto: Lucas Terribili)

Ingredientes

2 xícaras de água
1/3 de xícara de óleo
1 colher (sopa) de sal
3 xícaras de polvilho doce
4 ovos médios
3 xícaras de queijo de minas curado ralado grosso

Dica da Helô

Usar polvilho Caribom ou Amafil, qualquer queijo saboroso e firme (bom de ralar) e ovos caipiras.

Modo de preparo

Numa panela média, aqueça a água, o óleo e o sal. Quando ferver, junte o polvilho de uma só vez e mexa até engrossar e formar uma bola que se solte da panela. Transfira a massa para a tigela da batedeira e espere amornar, cerca de dez minutos. Enquanto isso, aqueça o forno a 220°C (alto) e separe duas assadeiras grandes (não é preciso untar).

Sempre batendo, junte o primeiro ovo à massa e espere até que tudo esteja completamente incorporado. Então junte o segundo ovo e espere até ter sido absorvido pela massa para em seguida acrescentar o terceiro e o quarto ovo, um a um, seguindo o mesmo procedimento. Por fim, misture o queijo. Unte as mãos com um fio de óleo, pegue porções de massa com uma colher de chá, faça 40 bolinhas e espalhe nas assadeiras, mantendo um espaço livre entre elas. Asse os pãezinhos por uns 20 minutos, até que estejam crescidos e dourados.

Serviço

O Lá da Vendinha fica na rua Lopes Chaves, 402 A, Barra Funda, São Paulo (SP). Telefone: (11) 3868-1407. Funciona de 2ª a 6ª, das 11h às 17h.


Para cozinhar mais

Mais: a maionese, o pão com picadinho e outras gostosuras da infância da chef Helô Bacellar

A maionese, o pão com picadinho e outras gostosuras da infância da chef Helô Bacellar

Placa na cozinha de Heloisa BacellarA cozinha da casa da chef Heloisa Bacellar é uma viagem no tempo. Não o de nossos avós, pais ou netos, mas um tempo único, ditado por ela. É tanta coisa para olhar, tanta conversa pra conversar, tanta comida pra provar! Uma plaqueta informa as guloseimas do dia: bolo de chocolate, oreos (sim, biscoitos oreo caseiros), pão de mandioca. Espalhadas por ali, estão também as produções de dias anteriores (doce de pêssegos, pão sueco, torradas…) e futuros, como uma carne seca artesanal em processo de dessalgue. Impossível passar lá rapidinho. Ainda mais se o motivo da visita é falar de histórias familiares ligadas a comida gostosa.

O cafezinho acaba, mas não o assunto. Fico sabendo que Helô começou a cozinhar aos 5 anos, com a avó materna, e teve como primeira incumbência descascar abacaxi. Um pitoco de gente com uma faca na mão, compenetrada em executar a tarefa de gente grande. “Era um pouco de ousadia, mas confiavam porque eu era comportada”, diz a chef, hoje com 50 anos, sentada à mesa da cozinha com ares de fazenda de uma casa no bairro paulistano do Pacaembu. Naquela mesma época, ela aprendeu a bater maionese (receita abaixo) – o liquidificador Arno de pote de vidro da avó está disposto na imensa coleção de utensílios que ocupa prateleiras, ganchos e balcões. Em duas gavetas de um armário de mantimentos herdado da bisavó, estão formas e mais formas de empadinha, outra receita que ela adorava fazer com a avó nos finais de semana (“De queijo, camarão, palmito, frango, que eram as mais tradicionais”).

Heloisa Bacellar em sua cozinha
Helô em sua cozinha cheia de comidinhas, traquitanas e histórias

De segunda a sexta, longe da avó, a Helô menina também dava um jeito de desenvolver os dotes culinários, ainda que a mãe não cozinhasse muito. “Eu chegava da escola, largava a pasta, lavava as mãos e ia ajudar a terminar o almoço”, diz. “Ficava amiga de todas as cozinheiras.” De quebra, decorava e cantava as músicas que aprendia no rádio das funcionárias. Também lia livros de culinária e o caderno de receitas da mãe. (Aos 8 anos, começou a montar seu próprio caderno, destruído por um vazamento na cozinha 5 anos depois e aos poucos refeito como um fichário de plástico.)

Mais tarde, Helô passou para as filhas, hoje com 18 e 23 anos, o gosto pela boa comida. “Elas foram criadas na cozinha. Ficavam sentadas naquele banco, desenhando e me vendo cozinhar.” Amigas das meninas levaram um pouco desse aprendizado de lambuja. Uma delas, que até os 7 anos não comia nada além de penne com manteiga (sim, só esse tipo de massa e só com esse molho), ajudou Helô a preparar um bolo e, diante da própria criação, não resistiu a provar uns farelos e depois um pedaço inteiro. Na fazenda da chef, em São Luiz do Paraitinga (interior de SP), a mesma menina colheu, provou e aprovou outros alimentos, como alface e abóbora.


O cardápio do dia e a coleção de formas de empadinhas

Infelizmente nem todo mundo teve em casa alguém que transmitisse tão bem quanto Helô o amor por cozinhar e comer bem (e felizmente nem todo mundo chega ao extremo de passar anos comendo macarrão com molho de nada). Veio dessa constatação o pulo-do-gato que mudou a vida da chef, até então uma advogada apaixonada por gastronomia . Quando o marido, historiador, recebeu uma bolsa para fazer um curso em Paris, ela deu um tempo na carreira e foi estudar gastronomia na prestigiada Le Cordon Bleu. Lá, percebeu que não-alunos pagavam uma bala para assistir a uma aula da escola de chefs e ficavam alucinados com a experiência, ainda que não pudessem de fato participar das atividades. Um ano depois, quando voltou a São Paulo, Helô tinha uma ideia de negócio: “Vou fazer a primeira escola de culinária da cidade mão na massa e voltada para o público amador”.

Em 1999, inaugurou o Atelier Gourmand, onde por anos dividiu seus segredos culinários com alunos de perfis variados: solteiros cansados de comida pronta, aposentados em busca de lazer, mães dispostas a caprichar na comida dos filhos, moças casadoiras que não sabiam fritar um ovo. Depois vieram livros cheios de comidas, fotos e histórias saborosas e o Lá da Venda, misto de armazém e restaurante que serve o melhor pão de queijo de São Paulo, segundo eleição da Veja SP. Durante toda essa história foram – e ainda são – marcantes os pratos da infância, aqueles que a menina Helô amava comer e preparar. Receitas como o bolo de fubá com goiabada da avó, campeão de pedidos do Lá da Venda, ou o pão com picadinho da mãe, publicada no livro Entre Panelas e Tigelas e compartilhada aqui por ser uma das favoritas da chef.

Quem não tem uma Helô em casa pode pelo menos seguir as receitas dela, sempre detalhadas e didáticas.

Maionese
(1 xícara, 15 minutos)

Heloisa Bacellar guarda o liquidificador da avó em que fez suas primeiras maioneses (Foto: Romulo Fialdini)
Helô guarda o liquidificador da avó em que fez suas primeiras maioneses (Foto: Romulo Fialdini)

1 ovo
1 gema
1 colher (chá) de mostarda de Dijon
suco de 1 limão
1 colher (sopa) de cebola picadinha
⅓ de xícara de azeite
⅔ de xícara de óleo de milho, canola ou girassol
sal e pimenta-do-reino

Coloque o ovo, a gema, a mostarda, o limão, a cebola, o azeite, sal e pimenta no liquidificador e bata até misturar. Pela abertura da tampa do copo, sem parar de bater, vá acrescentando aos poucos o óleo em fio até conseguir um molho encorpado e cremoso. Nesse ponto, se quiser, junte 1 ou 2 dentes de alho ou 1 xícara de folhas de ervas frescas e bata até esverdear, ou ainda alguns tomates secos ou umas 2 colheres (sopa) de ketchup para ter maionese rosada. Ajuste o sal e a pimenta, passe para uma tigela, cubra com filme plástico e guarde por até 3 dias na geladeira.

Pão com picadinho
(6 pessoas; 2 horas)

Sanduíche de carne moída e queijo (Foto: Romulo Fialdini)
Comida caseira e gostosa: sanduíche de carne moída e queijo (Foto: Romulo Fialdini)

1 filão de pão de uns 60 cm ou 6 pães franceses
75 g de manteiga
1 cebola grande em cubinhos
1 cenoura em cubinhos
2 talos de salsão em cubinhos
1 dente de alho inteiro
1 kg de carne moída (patinho ou coxão mole)
2 xícaras de leite
2 xícaras de vinho branco seco
600 g de polpa de tomate ou de tomates frescos, sem pele e sem sementes, em cubinhos
3 ovos
300 g de queijo mussarela em fatias finas
óleo vegetal
sal, pimenta-do-reino e noz-moscada

Numa panela média, aqueça 50 g de manteiga e um fio de óleo e doure ligeiramente a cebola. Junte o salsão, o alho e uma pitada de sal e espere murchar. Acrescente a carne, 1 colher (chá) de sal e pimenta e misture separando os pedaços até a carne mudar totalmente de cor. Adicione o leite e a noz-moscada, deixe em fogo alto até evaporar, junte o vinho, deixe ferver por um minuto e acrescente a polpa de tomate. Assim que levantar fervura, abaixe o fogo e cozinhe com a panela semitampada por mais ou menos 1 hora, mexendo de vez em quando e adicionando um pouco de água se secar demais (cozinhar bem devagar é fundamental para que a carne fique macia). Quando a água evaporar e surgir na superfície uma bolha de gordura, acerte o sal, a pimenta e a noz-moscada, descarte o dente de alho e retire do fogo.

Enquanto isso, aqueça mais ou menos 1 litro de água numa panela média, espere ferver, reduza o fogo, mergulhe os ovos na água, conte 10 minutos, escorra, resfrie passando sob água fria, descasque e divida cada um deles em 6 rodelas (ou, se preferir, frite os ovos num pouquinho de manteiga ou de óleo).

Corte uma tampa do pão e reserve. Escave um pouco o centro para tirar parte do miolo, passe um pouco de manteiga no miolo da cavidade e pincele com o leite. Preencha a cavidade com ¾ do picadinho, espalhe por cima as rodelas de ovo cozido, cubra com a mussarela e ponha a tampa do pão de volta no lugar. Coloque o pão num refratário ou numa assadeira e espalhe por cima o restante do molho e o parmesão. Leve ao forno por uns 20 minutos, até que o pão esteja bem quente e com a casca crocante.

Para cozinhar mais:

Couve-flor com sardella caseira da chef Ana Soares (e outras 12 ideias com o vegetal)

Couve-flor assada com sardella da chef Ana Soares para a Carlos Pizza (foto: Lucas Terribili)
Foto: Lucas Terribili (divulgação)

Troco qualquer buquê de rosas pela couve-flor que a chef Ana Soares preparou para o aniversário da Carlos Pizza, em São Paulo. Fui ao restaurante conhecer as pizzas criadas por três grandes cozinheiras — Ana, Heloísa Bacellar e Mara Salles — em comemoração ao terceiro ano da casa. Estava tudo ótimo, a massa elástica com borda estufada crocante de sempre, novas coberturas bem equilibradas, o ambiente iluminado por velas que é inimigo das fotos de comida e amigo das conversas à mesa. Agora, essa couve-flor… Precisei me controlar para não gastar todo o apetite logo na entrada.

O segredo, segundo Ana, está no forno à lenha, que tosta e concentra açúcares. Na falta dele, dá para apelar para o forno à gás na temperatura máxima, uma chapa ou uma frigideira quente, uma grelha. “Na churrasqueira também vai dar certo”, diz a chef, entusiasta da couve-flor. “Ela é uma redescoberta. Tem fibra, tem açúcar e é linda. Uma flor que nasce na horta.”

É bonita e está na moda. Diz Ana e diz o Google. O gráfico abaixo mostra as pesquisas pelo termo “couve flor” no mecanismo de busca desde 2004:
Buscas por couve flor no Google Trends

Ana lembra com gosto da couve-flor assada com farofa de pão preparada pela mãe. Na sua infância também havia o macarrão alemão, com creme branco e pedaços de couve-flor tostada. Hoje, à frente da rotisseria Mesa III e com dezenas de consultorias para restaurantes no currículo, ela é capaz de em poucos minutos disparar uma porção de sugestões apetitosas com a hortaliça. Listo abaixo algumas delas e, na sequência, a receita do prato criado pela chef para a pizzaria Carlos. Ah, vale usar a versão clara, a roxa ou o brócolis japonês — “Nada mais é que uma couve-flor verde”, diz Ana.

  1. Couve-flor assada servida com molho pesto.
  2. Couve-flor cozida no macarrão. Basta branquear (cozinhar rapidamente na água fervente, em seguida mergulhar em água com gelo) e, quando a massa estiver cozida, misturar junto com manteiga.
  3. “Bife” de couve-flor — corte o vegetal em lâminas e toste na frigideira como se fossem bifes vegetarianos.
  4. “Bife” de couve-flor à milanesa — corte em lâminas e prepare como bife à milanesa.
  5. Salada de couve-flor com azeites aromáticos. Fica gostoso jogar umas sementinhas por cima.
  6. Salada de couve-flor com lentilha.
  7. Couve-flor tostada com tahine.
  8. Couve-flor tostada com coalhada fresca e bastante hortelã.
  9. Couve-flor assada inteira e servida com aioli (espécie de maionese com alho).
  10. Couve-flor tostada coberta de farofa de pão e parmesão.
  11. Fusilli com creme de gorgonzola, couve-flor tostada e farofa de pão.
  12. Fritada de couve-flor, com flores bem visíveis.

RECEITA
Couve-flor assada com sardella caseira
(criação da chef Ana Soares para a Carlos Pizza)

Rendimento: 4 pessoas

Ingredientes
1 couve-flor
1 pimentão vermelho
4 tomates italianos
2 colheres de alcaparras
1 colher de salsa picada
4 filetes de anchovas
1/2 colher (café) de pimenta calabresa
1 dente de alho
50 ml de azeite de oliva extra virgem
50 gramas de amêndoas torradas e salgadas

Modo de preparo da couve-flor
Lave e corte a couve-flor em 6 partes. Coloque no forno alto com um pouco de azeite e sal. Asse até dourar.

Modo de preparo da sardella
Asse o pimentão até queimar. Coloque-o em um prato fundo coberto com filme plástico, deixe esfriar e retire a pele.

Corte os tomates ao meio e asse até que a casca esteja dourada.

Pique o pimentão e os tomates até formar um molho e acrescente as alcaparras, a salsa, as anchovas, a pimenta calabresa e o alho devidamente picados. Tempere com azeite e sal a gosto. Na hora de servir, finalize com as amêndoas picadas.


Em tempo: a couve-flor com sardella e as pizzas criadas pelas chefs serão servidas até 7/4 (sábado) na Carlos (rua Harmonia, 501 – Vila Madalena, tel: 3813-2017).


Para cozinhar mais:

Vamos nos encontrar no Festival Origem?

Festival Origem- A Conexão do Campo com a Gastronomia

Neste domingo eu, o chef Fellipe Zanuto, do Hospedaria, e a confeiteira Adriana Lira, do Dona Doceira, vamos falar de comida de vó em uma palestra no Festival Origem – A Conexão do Campo com a Gastronomia, organizado pelas revistas Época, Globo Rural e Casa e Jardim. É grátis, e vai ter limõezinhos recheados por Adriana, para degustar.

Fiz a curadoria do festival e, vou dizer, vai ter muita conversa e comida boa.

A partir das 17h de hoje até a noite de domingo, o Festival Origem vai reunir no Memorial da América Latina, em São Paulo, chefs, produtores e consumidores interessados em comer com prazer e consciência. É uma oportunidade para degustar ingredientes da biodiversidade brasileira, comprar alimentos de pequenos produtores e aprender mais sobre o que vai no prato.

Que tal provar queijos e embutidos artesanais e depois ouvir uma palestra de Jefferson Rueda, do A Casa do Porco Bar?

Ou você prefere partir para o estande do restaurante Clos, onde o chef Andre Ahn serve costelinha de porco ao molho de jabuticaba com pimenta fermentada, canjiquinha cremosa e emulsão de agrião?

No menu do restaurante Brado, o destaque é a língua de wagyu da fazenda Beef Passion, de carne sustentável certificada pelo selo Rainforest Alliance. Como acompanhamento, purê de batatas levemente defumado, miniagrião, pangrattato e picles de beterraba, com vegetais de produtores e cooperativas locais.

Ainda falando em carne, a palestra “De onde vem a carne que comemos” inclui um churrasco da Pecsa – Pecuária Sustentável da Amazônia.

O restaurante Hospedaria, que resgata receitas de imigrantes italianos, vem com dois pratos: lagarto marinado e pão de fermentação natural e cupim com purê de batatas, brócolis e alho confit.

Não vão faltar também frutos do mar, como o peixe da época grelhado ao missô artesanal de castanhas, acompanhado de berinjelas defumadas e legumes crocantes – prato que a chef Telma Shiraishi vai oferecer no restaurante Aizomê.

Em sua palestra/demonstração, Roberto Smeraldi, vice-presidente do Instituto ATÁ, vai preparar e servir como degustação miniarroz de sururu, feijãozinho de várzea e vitória-régia.

Entre as opções vegetarianas, coxinha de batata-doce com “carne de jaca” e estrogonofe vegano do Nambu Cozinha de Raiz; burger de cogumelos portobello e arroz negro servido com rúcula, tomate assado, picles de cenoura e maionese de alho levemente apimentada do Buzina Food Truck; açaí orgânico do Gorilla Tuk Tuk.

Para acompanhar, um bom vinho cai bem – e a palestra de vinhos orgânicos e naturais da sommelière Gabriela Monteleone pode ajudar a escolher um rótulo.

Para finalizar, sorvetes da Gelato Boutique, doces caipiras do Agostinho da Paçoca, delícias com frutas da Mata Atlântica do Instituto Auá.

Programação do Festival Origem

O Origem também tem:
– Happy hour com o food truck Veggies na Praça (hoje, 1/12).
– Oficinas para aprender a fazer: horta vertical em apartamento com a arquiteta Gabriella Ornaghi; chocolate a partir das amêndoas do cacau com Carolina Iwai, da Amma; cozinha vegana criativa com Renato Caleffi, do Le Manjue; tapioca com polvilho artesanal com Heloisa Bacellar, do Lá da Venda… “
– Atividade infantil: oficina “Uma horta brotou na minha cozinha”, com o viveiro Sabor de Fazenda.
– Palestras e demonstrações de cozinha com chefs premiados, como Ivan Ralston (Tuju), Bel Coelho (Clandestino), Oscar Bosch (Tanit) e Jefferson Rueda (A Casa do Porco).
– Dicas de Marcio Atalla para ter um estilo de vida mais saudável.He
– Palestra sobre veganismo com Alana Rox, apresentadora do GNT e autora do livro Diário de uma Vegana.
– Apresentação sobre plantas alimentícias não convencionais com Harri Lorenzi, coautor do livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil.

Cheeeseburger vegetariano do Veggies na Praça (divulgação)
Cheeeseburger vegetariano do Veggies na Praça criado especialmente para o Origem (foto: divulgação)

Queijos Pardinho (foto: divulgação)
Queijos artesanais do produtor Pardinho (foto: divulgação)

Sorvete de doce de leite com cumaru da Gelato Boutique (foto: divulgação)
Sorvete de doce de leite com cumaru da Gelato Boutique (foto: divulgação)

E muito mais! Confira a programação completa em www.festivalorigem.eco.

 

Minha torta é melhor que a sua

Foto: Mariana Weber

Comecei mal. Logo na primeiro teste de receita do caderno da minha mãe, produzi uma massaroca dura e queimada nada a ver com a torta de banana dourada das minhas memórias. Ficou tão ruim que joguei fora rápido, para ninguém além de mim provar o gosto do fracasso – antes tirei algumas fotos, imbuída de um espírito maso-jornalístico, mas decidi que não mereço expô-las em público, para o bem da minha auto-estima.

À noite, quando minha mãe ligou para saber como tinha ficado a torta, investigamos o que poderia ter dado errado: “Você jogou uns pedacinhos de manteiga por cima, filha?” “Não, não está na receita, mãe!” “Ah, mas eu jogava…” E a banana? “Então, filha, vi a foto que você colocou no Facebook. Tem que ser mais madura.” Eu deveria saber desse detalhe de antemão, porque ele não consta na lista de ingredientes. Assim como eu deveria imaginar que uma xícara do caderno de receitas não é necessariamente uma xícara, aquela indicada por um tracinho no meu copo medidor: ela pode ser rasa, cheia, meio cheia, bem cheia – e às vezes isso não está especificado em lugar nenhum. Vai de feeling, sabe?

Estou reclamando, mas, na verdade, eu já sabia, ou desconfiava, de tudo isso. Se resolvi seguir as receitas da minha mãe ao pé da letra, foi para ver no que dava. E deu errado. Porque no texto muito está subentendido – tanto pela confiança na experiência básica da cozinheira quanto por minha mãe já ter acompanhado ao vivo o preparo dos pratos (ou pelo menos os provado). Só que, no meu caso, isso não funciona. Vi minha mãe cozinhar alguns desses doces e salgados, mas faz tempo, e agora estamos em cidades diferentes e nos encontramos pouco. Terei que me virar com dicas por telefone e meu próprio instinto. Medo.

No caso da torta, eu estava razoavelmente tranquila porque ela é um clássico da minha infância. Eu sabia bem que resultado deveria obter – e isso, como me diria mais tarde a chef e autora de livros de cozinha Heloisa Bacellar, é essencial, mais do que estabelecer medidas exatas na receita (em breve publicarei aqui uma entrevista com a Helô). Quando a cobertura da torta no forno foi mudando direto de branco pálido para preto queimado, sem passar pelo dourado, eu logo percebi que algo estava muito errado. E provavelmente isso significava que eu estava certa quando senti falta de manteiga para tanta farinha,  fato mais tarde confirmado por minha mãe e uma tia (meu experimento com o caderno de receitas esta mobilizando a família mundo afora!).

Teoricamente, os erros estavam explicados, e eu tinha os ingredientes para fazer uma segunda tentativa na manhã seguinte, mas procrastinei por uma semana. Era um dia ensolarado quando desisti de ir a uma aula de ioga, vesti o avental e coloquei em prática as instruções do caderno somadas às dicas obtidas por telefone. E não é que a torta de banana deu certo? Sozinha em casa, provei o primeiro pedaço e aprovei a cobertura crocante salpicada por pedaços de goiabada. Ficou tão boa que senti só um tiquinho de culpa por trocar o exercício por um doce.

Foto: Mariana Weber

Agora, sim, fazia sentido a memória dessa receita como uma das minhas favoritas. Muitas vezes minha mãe a preparava quando eu tinha que levar um prato para alguma festinha. Que eu me lembre, o meu tabuleiro de doce era sempre um dos melhores, e eu sempre comia um pouco dele, por mais que estivesse cercada de novidades.

Abaixo, dou o passo a passo já modificado, com comentários e adaptações. Além da questão da manteiga, acrescentei outras informações ao original, digamos, sucinto. Se quiser, adapte. Mas duvido que fique melhor que a minha… Ops, a da minha mãe!

Ingredientes
– 1 ½ xícara de maizena
– 1 ½ xícara de açúcar
– 1 ½ xícara de farinha
– 1 colher (sopa) de açúcar aromatizado com baunilha (você pode comprar a versão industrializada, mas eu tinha e usei aqui uma versão caseira, feita com uma fava de baunilha já sem as sementes imersa em um pote de açúcar)
– 2 colheres (sopa) bem, bem cheias de manteiga para a massa, mais uma para salpicar sobre a torta montada
– 1 ovo
– Bananas bem maduras cortadas ao meio no sentido do comprimento (eu usei 8 bananas, mas depende do tamanho da fruta)
– 1 bom punhado de ameixas secas e goiabada cortada em pedacinhos (minha mãe contou que, a despeito da receita anotada, não colocava ameixas, só goiabada. Como eu só soube disso depois de ir à compras, coloquei também as ameixas e acho que funcionou bem)

Modo de preparo
Peneire e misture a maizena, a farinha e os açúcares em uma tigela grande. Acrescente o ovo e a manteiga e misture delicadamente com os dedos até obter a consistência de uma farofa bem granulada, como a de cobertura de bolo cuca. Se for preciso, acrescente manteiga.

Em uma assadeira untada, distribua uma camada de farofa, outra de banana e então pedaços de ameixas e goiabada. Novamente distribua uma camada de farofa, uma de banana e os pedaços de ameixas e goiabada. Cubra com uma camada de farofa e salpique sobre ela pedaços de manteiga.

Leve ao forno médio alto até a cobertura ficar dourada (aqui em casa, isso levou uma hora e vinte minutos).

Coma quente, assim que sair do forno. Coma fria. Coma gelada. Coma com sorvete.

Para cozinhar mais: