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O que fazer com as bananas maduras? Torta!

Torta de banana e goiabada
É a segunda vez que faço essa torta de banana e goiabada. Um casal de amigos vinha para o jantar e resolvi prepará-la com umas bananas que estavam prestes a passar do ponto. Para não ficar com muita sobra de doce em casa, cortei pela metade as quantidades dos ingredientes (a receita abaixo já está adaptada a essa versão reduzida). Funcionou bem: a torta ficou mais baixa e com a massa mais fina.

Teste número 53: torta de goiabada e banana da Regina
Fonte – Caderno de receitas da minha mãe – mas a “dona”da receita é a Regina, diarista e supercozinheira que trabalha com a minha família há anos.
Grau de dificuldade – Fácil.
Resultado – Uma boa sobremesa, especialmente quando acompanhada de um sorvete de iogurte.

Ingredientes da massa
120 gramas de farinha de trigo
60 gramas de manteiga
60 gramas de açúcar
1 gema
1/2 colher (sopa) de fermento químico
1 pitada de sal

Ingredientes do recheio
150 gramas de goiabada
5 bananas bem maduras

Modo de preparo da massa
Misture todos os ingredientes com os dedos até obter uma massa quebradiça.

Modo de preparo do recheio
Corte em pedaços a goiabada e a banana e coloque-as em uma panela com um pouco de água. Em fogo baixo, mexa e acrescente água aos poucos até que os ingredientes derretam e virem uma pasta grossa.

Montagem
Unte uma forma. Forre a forma com pedaços da massa como se fizesse uma colcha de retalhos bem selada. Em seguida despeje o recheio. Leve ao forno a 200ºC por cerca de 20 minutos.


Para cozinhar mais:

Cuscuz de camarão do menu natalino do Charlô

Buffet Charlô / Foto: Rogério Albuquerque

Há alguns meses, entrevistei Charlô Whately para a coluna d’O Caderno de Receitas na revista L’Officiel Brasil. Na ocasião, fiquei sabendo que o chef começou preparando encomendas na cozinha da avó —  foi esse pequeno negócio que deu origem ao buffet e ao bistrô Charlô (e mais recentemente, ao restaurante e deli Cha-Cha). O caderno de receitas da avó, aliás, ainda é uma fonte importante para ele. “Sou bem comfort food”, disse Charlô na entrevista. “Gosto de volta às coisas antigas, de comida gostosa mas simples e de ingredientes bons.”

Um exemplo de comida tradicional, comfort e gostosa: cuscuz de camarão. O prato, que faz parte do menu de Natal do Buffet Charlô, era também um clássico das refeições especiais na casa da minha avó materna (preparado pela Regina, cozinheira incrível). A receita abaixo é do Charlô.

Ingredientes
Para a massa do cuscuz:
300 gramas de farinha de mandioca biju
400 gramas de farinha de milho
800 gramas de camarão médio limpo sem rabo
200 mililitros de azeite de oliva
200 gramas de bacon picado em cubos pequenos
180 gramas de cebola picada em cubos
400 gramas de tomate sem semente picado em cubos
100 gramas de extrato de tomate
15 gramas de pimenta dedo-de-moça picada (sem semente)
250 gramas de repolho picado em cubos pequenos
2 litros de caldo de camarão
200 gramas de palmito em conserva picado
150 gramas de azeitona verde sem caroço picada
10 gramas de salsa picada
200 gramas de ervilha em conserva
Sal
Pimenta-do-reino

Para decorar:
4 unidades de camarão pistola cozido (limpo e sem o rabo)
2 ovos caipiras cozidos

Para a guarnição:
45 unidades de camarão pistola limpo com rabo
Sal
Pimenta-do-reino
20 ml de azeite (para temperar)
40 ml de azeite (para refogar)

Rendimento: 20 porções

Modo de preparo
Em uma tigela misture as farinhas e reserve. Em uma frigideira aquecida coloque um fio de azeite e refogue o camarão médio até que esteja rosado. Reserve. Em uma panela grande aquecida coloque o azeite e acrescente o bacon e a cebola, quando dourar junte os tomates, o extrato de tomate e a pimenta dedo de moça e refogue por 2 minutos. Depois coloque o repolho e deixe cozer até que esteja macio, em seguida acrescente o caldo de camarão, o palmito, as azeitonas, a salsa picada, as ervilhas e o camarão médio refogado. Assim que levantar fervura reduza o fogo. Ajuste o sal e a pimenta.

Com o fogo reduzido, acrescente as farinhas aos poucos e vá mexendo até virar uma massa consistente. Deixe cozinhar por 5 a 10 minutos mexendo de vez em quando para não queimar o fundo.

Unte com azeite uma forma de 30 centímetros com buraco no meio e decore o fundo da forma com o camarão pistola cozido e as rodelas de ovo. Coloque a massa ainda quente e vá apertando na forma até que fique rente à borda.

Desenforme ainda morno e sirva com o camarão pistola em volta.

Modo de preparo da guarnição
Tempere o camarão com sal, pimenta e azeite. Deixe descansar por 15 minutos.

Em uma frigideira aquecida, coloque o azeite e salteie o camarão até que esteja rosado. Esse processo leva aproximadamente 5 minutos.

(Foto do prato: Rogério Albuquerque / Divulgação)

Um pudim de cada vez

Pudim de leite condensado, baunilha e limão: refiz a receita para descobrir o que minha avó não dizia (foto: O Caderno de Receitas)

Eu nunca tinha feito um pudim antes de começar o projeto de testar as receitas dos cadernos da minha mãe e da minha avó. Na verdade, não me lembro de ter visto alguém fazer um pudim (minha mãe deve ter cozinhado alguns, mas não acompanhei, ou não guardei na memória). Para cozinheiras experientes, preparar essa sobremesa que eu adoro provavelmente é fácil, mamão com açúcar. Mas eu penei para chegar a um resultado satisfatório. Fiz, refiz, pedi conselhos, refiz, gritei por socorro, refiz novamente. E aí deu certo. Para o bem da minha auto-estima.

Entre todos esses testes, aprendi alguns truques que não estão escritos nos cadernos de receitas. Se você também nunca fez um pudim, ou nunca fez um que deu certo, ou faz bons pudins mas acha que ainda pode aprender alguma coisa, siga-me.

9 fatos que aprendi ao fazer pudim

1. Ele exige tempo.
Depois de pronto, o doce deve passar pelo menos seis horas na geladeira antes de ser tirado da forma. Minha primeira tentativa, um desastre completo, já começou mal quando, munida de presunção e uma receita ultra-resumida do caderno da minha mãe, resolvi preparar a sobremesa de última hora, para um jantar com convidados. Mesmo se o creme não tivesse vazado no forno (ver item 2), o pudim não teria esfriado o suficiente, desmoronando na hora de desenformar.

2. Nem toda forma serve.
Eu sabia da existência de forma específica para pudim, com um furo no meio, mas não tinha uma em casa e arrisquei usar uma forma de fundo removível. No forno, parte do creme escapou e invadiu a água do banho-maria, criando uma meleca aromática e difícil de limpar sem entupir a pia. Depois, fiz testes em uma forma de alumínio própria para pudim e em miniformas de silicone. As duas versões funcionaram, mas a pequena fez mais sucesso com meu filho, que gostou de ver a sobremesa sair da forma direto para o pratinho dele.
Outra opção, sem a emoção de desenformar, é assar e servir o doce em tigelinhas individuais.

3. Açúcar queimado não é bem açúcar queimado.
Gosto de pudim nadando em calda. Fazê-la são outros quinhentos. Fui da rala e clara demais à queimada, meio amarga. Por fim, cheguei ao caramelo dourado dos meus sonhos. Seguindo orientação da Regina, diarista que faz a limpeza de casa e é uma supercozinheira, primeiro joguei uma xícara de açúcar em uma panela de fundo grosso. No fogo médio, fui mexendo até dourar (sem chegar a queimar de fato), então adicionei meia xícara de água (cuidado aqui, porque o açúcar fica muito quente, e o vapor também). Mexi mais até a água o açúcar se misturarem bem. Untei o interior da forma com a calda, lambuzando toda a superfície, e deixei um laguinho delicioso no fundo.

4. Cheiro de pudim assando é tão bom quanto pudim.
O que torna uma provação esperar horas para comer o doce.

5. Está pronto quando a parte de cima (que será o fundo) começar a mudar de cor.
Outro conselho da Regina, mencionada no item 3.

6. Papel-alumínio mantém o creme homogêneo.
Dica de Ana Paula Pontes, que aprendeu a fazer o doce com a mãe e hoje é dona da empresa Pudim a Gosto: cobrir a forma com papel-alumínio durante o cozimento evita a formação de uma crosta na superfície. Testei e deu certo.

7. O segredo para tirar da forma está no trio paciência, faca e fogão.
“Primeiro, jamais tente fazer isso com o pudim quente”, diz Ana Paula. “Depois, basta aquecer um pouco a forma em cima da chama do fogão, passar com firmeza uma faca sem serra em volta do doce, girar um pouquinho a forma de um lado para o outro, para que se desprenda, e, então, virar em um prato.” Atenção: o truque da chama não vale para utensílios de silicone que não devem ser colocados diretamente sobre o fogo.

8. Quebrou? Tem conserto.
Nem sempre dá certo. Acontece de a gente se esforçar e o pudim rachar mesmo. Tudo bem. Eu quero doce, não quero estresse. “Em vez de colocar a sobremesa inteira na mesa, sirva individualmente no prato com a calda por cima”, sugere Ana Paula.

9. Não sou bidu.
Eu já deveria saber, mas às vezes esqueço. A gente aprende vendo. Melhor ainda, aprende fazendo junto. Mas o que não aprendi em casa, com a minha mãe (que se dividia entre trabalhar fora e cuidar de três filhos), posso buscar em outras fontes: uma amiga, o marido, a diarista, um professor, a internet, um livro ou mesmo minha mãe, que está a um telefonema de distância.

E agora, vamos à receita, tirada do caderno da minha avó materna (o da minha mãe tinha uma parecida, mas sem o tchans do limão).

O minipudim, tirado da forminha de silicone direto no prato de sobremesa do meu filho (foto: O Caderno de Receitas)

Teste número 36
Receita –
 Pudim de leite condensado com baunilha e raspas de limão.
Fonte – Caderno de receitas da minha avó Viquinha.
Grau de dificuldade – Médio (fácil depois que você aprende os macetes).
Resultado – Depois de algumas tentativas, fiz um pudim como deve ser: simples, aromático, doce, cremoso.

Ingredientes
1 lata de leite condensado
1 lata de leite de vaca (medido na lata de leite condensado)
4 ovos
Alguns pingos de extrato de baunilha
Raspas de um limão (pode ser substituído por uma laranja)
1 xícara de açúcar

Modo de preparo
Misture todos os ingredientes, exceto o açúcar, e bata bem. Reserve.

Mexendo sempre com uma colher de pau, derreta o açúcar em uma panela no fogo médio. Quando começar a dourar, junte meia xícara de água (com cuidado, porque o açúcar fica muito quente). Continue a mexer até criar uma calda homogênea.

Use a calda para untar uma forma para pudim e despeje o resto no fundo da forma. Cubra com o creme feito com os outros ingredientes.

Coloque a forma de pudim sobre uma tigela preenchida com água, para cozinhar em banho-maria. Cubra a forma de pudim com um pedaço de papel-alumínio. Leve ao forno a 180ºC. Quando a superfície começar a mudar de cor, faça um teste enfiando um palito na massa. Se sair seco, está pronto (no meu forno, isso demorou cerca de uma hora. Talvez eu pudesse ter cozinhado um tiquinho menos).

Deixe o pudim na geladeira por pelo menos seis horas.

Na hora de desenformar, aqueça um pouco o fundo da forma na chama do fogão. Passe uma facas nas laterais. gire a forma de um lado para o outro e então vire-a sobre um prato grande o suficiente para comportar toda a calda. Se for preciso, dê batidinhas no fundo da forma até o doce se soltar.

Para cozinhar mais:

Ganhei o selo Regina de qualidade

Estou metida.

Regina é uma cozinheira famosa na família da minhã mãe pela mão boa. Jantar que ela preparava enchia a gente de expectativa. Ai, o molho do assado da carne, o feijão, o cuscuz paulista! E não é que a Rê elogiou a torta de banana que eu preparei outro dia? Falou também que o doce a fez lembrar da minha avó Viquinha, com quem ela trabalhou há muitos anos. Fiquei feliz que só.

Atualmente a Rê faz faxina no meu apartamento. E cansou das panelas. Certa vez a sondei sobre trocar a diária de limpeza por uma diária de cozinha – já pensou ter a geladeira cheia daquelas comidinhas gostosas? Mas ela não quis. Disse que não tem mais paciência. Como tantas estrelas, resolveu renegar a própria arte. O que só faz crescer o mito – e ele ainda vai reaparecer neste blog, porque duas das receitas do caderno da minha mãe vieram da Rê.