Mês: janeiro 2016

Pão de queijo da chef Helô Bacellar

Pão de queijo de Helô Bacellar no Lá da Vendinha - Foto de Lucas Terribili
Pão de queijo da Helô Bacellar no Lá da Vendinha (foto: Lucas Terribili)

A revista L’Officiel Brasil de fevereiro chega às bancas hoje e, com ela, mais uma coluna d’O Caderno de Receitas. Está lá, entre outras notas saborosas, a abertura da nova casa da chef Heloisa Bacellar: o diminuto Lá da Vendinha, misto de café e loja de fábrica no bairro paulistano da Barra Funda. Ali são produzidas e vendidas com desconto delícias como o pão de queijo e o bolo de milho disponíveis também nas unidades do Lá da Venda na Vila Madalena e no shopping JK Iguatemi.

Helô já tinha me dado dicas e receitas preciosas em uma conversa sobre pratos de família publicada logo no início do blog. Desta vez ela compartilhou o passo a passo detalhado do pão de queijo, que já foi eleito o melhor de São Paulo – e é mesmo bom que só ele.

Heloisa Bacellar - foto de Lucas Terribili
Helô no Lá na Vendinha, que ela mesma decorou (foto: Lucas Terribili)

Ingredientes

2 xícaras de água
1/3 de xícara de óleo
1 colher (sopa) de sal
3 xícaras de polvilho doce
4 ovos médios
3 xícaras de queijo de minas curado ralado grosso

Dica da Helô

Usar polvilho Caribom ou Amafil, qualquer queijo saboroso e firme (bom de ralar) e ovos caipiras.

Modo de preparo

Numa panela média, aqueça a água, o óleo e o sal. Quando ferver, junte o polvilho de uma só vez e mexa até engrossar e formar uma bola que se solte da panela. Transfira a massa para a tigela da batedeira e espere amornar, cerca de dez minutos. Enquanto isso, aqueça o forno a 220°C (alto) e separe duas assadeiras grandes (não é preciso untar).

Sempre batendo, junte o primeiro ovo à massa e espere até que tudo esteja completamente incorporado. Então junte o segundo ovo e espere até ter sido absorvido pela massa para em seguida acrescentar o terceiro e o quarto ovo, um a um, seguindo o mesmo procedimento. Por fim, misture o queijo. Unte as mãos com um fio de óleo, pegue porções de massa com uma colher de chá, faça 40 bolinhas e espalhe nas assadeiras, mantendo um espaço livre entre elas. Asse os pãezinhos por uns 20 minutos, até que estejam crescidos e dourados.

Serviço

O Lá da Vendinha fica na rua Lopes Chaves, 402 A, Barra Funda, São Paulo (SP). Telefone: (11) 3868-1407. Funciona de 2ª a 6ª, das 11h às 17h.


Para cozinhar mais

Mais: a maionese, o pão com picadinho e outras gostosuras da infância da chef Helô Bacellar

Risoto de pancetta, cebola roxa, pistache e redução de vinho do novo La Risotteria di Eataly

Risoto de pancetta, cebola roxa, pistache e redução de vinho do La Risotteria di Eataly (foto: Camila Bianchi / divulgação)
O mercado de tentações gastronômicas Eataly São Paulo acaba de inaugurar mais um restaurante, o La Risotteria. No primeiro mês de funcionamento, além de dez risotos criados pelo chef executivo José Barattino, a casa serve pratos desenvolvidos por chefs convidados. A receita abaixo é de Giampiero Giuliani, do Due Cuochi e do Rive Gauche.

Ingredientes
2 cebolas roxas
Azeite de oliva
1 garrafa de vinho Chianti
200 gramas de pancetta
½ cebola picada
400 gramas de arroz carnaroli
1 xícara de vinho branco seco
1,5 litro de caldo de legumes ou de carne
10 mililitros de azeite extravirgem

150 gramas de queijo Grana Padano ralado
Sal
Pimenta-do-reino
150 gramas de pistache assado
50 gramas de Parmigiano-Reggiano

Modo de preparo
Em uma panela pequena com tampa, refogue em fogo baixo, com um fio de azeite de oliva, a cebola roxa cortada em tiras não muito finas. Reserve.

Em uma segunda panela, reduza o vinho Chianti até ele ficar com 70% do volume. Deixe esfriar.

Em uma panela larga e baixa em fogo alto, coloque azeite e em seguida a pancetta cortada em tiras. Depois de cinco minutos, mude para fogo baixo, junte a cebola picada e refogue por mais cinco minutos. Adicione o arroz e toste por três minutos. Levante o fogo e ponha o vinho branco, deixando que evapore. Em fogo médio, acrescente o caldo até cobrir o arroz e mexa. Quando secar, coloque mais caldo até chegar ao ponto desejado (“al dente”). Desligue o fogo e coloque azeite extra-virgem e o queijo Grana Padana ralado, mexendo com mais caldo até ficar cremoso. Finalize com sal e pimenta-do-reino.

Monte o risoto em um prato raso, acrescentando o pistache quebrado, um fio da redução de vinho, o Parmigiano-Reggiano ralado na hora e a cebola roxa.

O que fazer com as bananas maduras? Torta!

Torta de banana e goiabada
É a segunda vez que faço essa torta de banana e goiabada. Um casal de amigos vinha para o jantar e resolvi prepará-la com umas bananas que estavam prestes a passar do ponto. Para não ficar com muita sobra de doce em casa, cortei pela metade as quantidades dos ingredientes (a receita abaixo já está adaptada a essa versão reduzida). Funcionou bem: a torta ficou mais baixa e com a massa mais fina.

Teste número 53: torta de goiabada e banana da Regina
Fonte – Caderno de receitas da minha mãe – mas a “dona”da receita é a Regina, diarista e supercozinheira que trabalha com a minha família há anos.
Grau de dificuldade – Fácil.
Resultado – Uma boa sobremesa, especialmente quando acompanhada de um sorvete de iogurte.

Ingredientes da massa
120 gramas de farinha de trigo
60 gramas de manteiga
60 gramas de açúcar
1 gema
1/2 colher (sopa) de fermento químico
1 pitada de sal

Ingredientes do recheio
150 gramas de goiabada
5 bananas bem maduras

Modo de preparo da massa
Misture todos os ingredientes com os dedos até obter uma massa quebradiça.

Modo de preparo do recheio
Corte em pedaços a goiabada e a banana e coloque-as em uma panela com um pouco de água. Em fogo baixo, mexa e acrescente água aos poucos até que os ingredientes derretam e virem uma pasta grossa.

Montagem
Unte uma forma. Forre a forma com pedaços da massa como se fizesse uma colcha de retalhos bem selada. Em seguida despeje o recheio. Leve ao forno a 200ºC por cerca de 20 minutos.


Para cozinhar mais:

Danielle Noce: lembranças açucaradas e uma torta para fazer já

danielle noce
Conversei com a confeiteira Danielle Noce, do blog I Could Kill For Dessert, para uma matéria da revista L’Officiel. Aqui, publico uma versão mais completa desse bate-papo, cheio de dicas e lembranças apetitosas. De sobremesa, há o passo-a-passo da torta de chocolate com caramelo salgado publicado no novo livro da blogueira brasiliense, A Receita da Felicidade.

Qual é a sua mais doce lembrança gastronômica?
Minha mãe fazendo pão em casa. Ela colocava para crescer no sol, embaixo de um cobertor, e a casa ficava com um cheiro absurdo.

Qual é sua sobremesa favorita no momento?
É o sorvete de cereal do Momofuku Milk Bar (que tem lojas nos Estados Unidos e no Canadá). Nesse calor eu não consigo pensar em nada que não seja sorvete.

Qual foi sua última criação culinária?
Estou uma bomba de crème brûlée. Espero que fique gostosa. (Aparentemente ficou, porque ela publicou o passo-a-passo.)

Três lugares em que os doces valem a viagem.
A fazenda Vagafogo, em Pirenópolis (Goiás), que tem várias geleias de frutas do cerrado e um café colonial muito, muito bom. As sobremesas vietnamitas do Chén Chè, em Berlim, são minhas favoritas no mundo, porque não são extremamente doces. No Du Pain et Des Idées, em Paris, os folhados com as frutas da estação e um pouquinho de creme frangipane são maravilhosos.

Três lugares para comer bons doces em São Paulo.
A Casa Garcia, pelo pavê de doce de leite, o Epice, pelas sobremesas do Alberto Landgraf, e o Marie-Madeleine.

Refeição sem sobremesa é…
Refeição sem sobremesa é como uma frase sem ponto final.

Quem é uma inspiração na cozinha?
O que me inspira são pessoas que fazem do ordinário algo extraordinário. Não estou falando de grandes chefs, estou falando de cozinheiros vovós, mães, que pegam uma cozinha do dia-a-dia e a melhoram de forma que você tem uma experiência incrível. Isso acontece muito no Brasil. Como a mãe do Paulo (marido), que faz um arroz incrível todo dia para a gente, a minha mãe, que faz um doce maravilhoso ou um pão de queijo delicioso.

Na sua família, havia alguém que cozinhava especialmente bem?
Todo mundo na minha família cozinha muito bem. Minha mãe tem mais 15 irmãos e irmãs e todos eles gostam de cozinhar. Não importa se é um boi que meu tio acabou de matar na fazenda e eles vão fazer um churrascão gigante, uma festa enorme, ou os doces de tacho que minha mãe e minhas tias ficam mexendo dias até ficarem prontos.

Que sabores e aromas remetem à sua infância?
Além do pão, dois sabores que estavam presentes em tudo que minha mãe fazia eram canela e cravo.

Falando só de gastronomia, do que sente mais falta de Paris, Florença, Londres e outras cidades onde morou?
De Paris, dos pães maravilhosos. Não consigo encontrar nada igual no Brasil. A manteiga também é muito boa. De Florença, das massas frescas… Mas na verdade do que mais sinto falta, porque morei com uma macrobiótica, é de uma linguiça caseira que ela fazia só de vegetais. Era muito gostosa, nem parecia que era só de vegetais (risos). No geral a Europa tem essa cultura de fazer o próprio jantar, com cuidado. Todo mundo. De Londres, sinto falta de ginger beer.

Quando fora do Brasil, do que sentia saudade?
De pão de queijo, com certeza. E de queijo minas. Os queijos aqui são pouco valorizados, mas são muito bons também.


Compre o livro aqui:


Receita: torta de chocolate com caramelo salgado

Torta de chocolate com caramelo salgado de Danielle Noce

Ingredientes
Base
3/4 de xícara de avelã
250 gramas de biscoito de chocolate sem o recheio (Danielle usou 64 biscoitinhos)
6 colheres (sopa) de manteiga sem sal

Recheio de caramelo salgado
1 e 1/4 de xícara de creme de leite fresco ou nata
1 colher (chá) de flor de sal
2 xícaras de açúcar cristal

Ganache de chocolate
350 gramas de chocolate amargo 70% picado
1 e 1/2 xícara de creme de leite fresco ou nata

Dica: se você não encontrar o creme de leite fresco ou a nata, faça a ganache com creme de leite de caixinha. Nesse caso, leve o chocolate junte com o creme de leite para derreter em banho-maria até formar a ganache.

Modo de preparo
Base
Toste as avelãs em forno preaquecido a 160 ºC até que a casca comece a desgrudar. Retire do forno e esfregue as avelãs com as mãos para remover o máximo da casca. Num processador, misture as avelãs tostadas, os biscoitos de chocolate e a manteiga derretida. Depois, coloque tudo numa fôrma redonda de fundo removível. Leve ao forno por 12 minutos a 180 ºC. Retire do forno e deixe esfriar.

Caramelo salgado
Em uma panela pequena, leve o creme de leite fresco ou a nata para ferver junto com a flor de sal. Enquanto isso, ponha o açúcar em outra panela alta e larga. Espere derreter em fogo médio ou baixo até ficar com uma cor âmbar. Quando alcançar essa cor, acrescente o creme de leite aos poucos e mexa sem parar, até que o caramelo se forme e a mistura fique homogênea. Derrame o caramelo sobre a torta e espere esfriar completamente.

Ganache de chocolate
Coloque o chocolate picado no processador e reserve. Leve o creme de leite fresco ou a nata para ferver e, assim que alcançar a fervura, jogue sobre o chocolate. Processe até ficar homogêneo.

Montagem
Quando o caramelo estiver bem durinho, coloque a ganache por cima e leve à geladeira por pelo menos 30 minutos. Na hora de servir, salpique um pouco de flor de sal por cima da torta.

Fotos: divulgação.


Para cozinhar mais:

O gosto do mundo

Pedro de avental de cozinha

Ter filho é sentir de novo o gosto de experimentar o mundo pela primeira vez. O gosto do pão, o gosto do pêssego, o gosto do vento na cara na praia, o gosto de aprender uma palavra, de beber água da chuva, de raspar a tigela de massa de bolo, do cheiro de sabonete da vovó.

– O que é isso, mamãe?
– Isso o quê?
– Esse cheiro.
E eu, com a cabeça no dia-a-dia, não tinha sentido nada.
– Vem da petshop. Deve ser xampu de cachorro.
– Delícia.

O narizinho atento que se enfia no bolo de chocolate, no meu cabelo, no pelo da ovelha na fazenda.

Agora ele sabe falar. “Tô satisfeito”, diz para a mãe satisfeitíssima. Mas não precisou dizer nada para mostrar o quanto amou pipoca quando comeu pela primeira vez, no circo. Com um ano, ria, comia, colocava algumas na minha boca para dividir a felicidade.

E limão então. Ao chupar uma fatia, uma careta daquelas, seguida pelo já clássico “Mais!”.

Uvas passas são moscas, e isso é bom. Sopa de pedra tem um sabor especial, ainda mais quando o ingrediente mágico vem de um garimpo no parque. A fatia de pão vira dinossauro, tubarão, formiga. Uma transformação por mordida. A alegria de explodir a película da semente do mamão, alegria quase tão grande quanto a de sentir as patinhas do tatu-bola passeando na pele.

O riso. Um riso solto, claro, transparente. Com os olhos.
– A gente tinha um gato que jogava os tomates no chão… Ploft! E brincava com eles até que ficavam cheios de furinhos.
– Hahaha. De novo!
– De novo o quê?
– O barulho.
– Ploft?
– Hahahaha.
– Ploft!
– Hahahaha! De novo!

– Você derrubou o suco sem querer?
– Não. Foi de hipopótamo.
E a bronca vai pelo ralo.

As ambições.
– Eu como muito. Sabe por quê? Pra virar pai!
Ou
– Mamãe, quero comer a Lua!

Eu também, filho.