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Canja sustança: para se sentir bem cuidado

A canja, que servi com uma gema, fez minha noite mais feliz

Sopa lembra família, conforto, conversas à mesa, ninho, fim de dia. Na minha infância, o prato ganhava um sabor especial quando servido no sítio em Atibaia, depois de muito esconde-esconde, fruta catada no pé, acampamento nos galhos da mangueira e expedições em busca de cascas de cigarras. Canja, fubá com couve, de feijão, de letrinhas, de legumes… O caldo fumegante era tomado depois do banho, com a pele e o cabelo cheirando a sabonete da casa da vó Helena. Em seguida, cama, naquele breu que às vezes me afligia: está escuro ou eu estou cega? “Vó! Vó!”

Apesar de comum no dia a dia, a sopa pouco aparece nos cadernos de receita da minha família. Talvez porque as preparações do cotidiano não precisassem ser anotadas: estavam gravadas na cabeça de quem cozinhava, assim como o tempero do feijão. Mas não estão na minha cabeça. Foi com simpatia, então, que eu recebi um exemplar do livro “A vida é sopa – Receitas e histórias para o corpo e a alma” (editora Pólen), escrito por uma amiga, Lizandra Magon de Almeida. Jornalista, ela descobriu que gosta de cuidar (dos outros e de si mesma) com comida. Durante dois anos, fez sopas para vender, juntou dinheiro, foi estudar roteiro de cinema em Buenos Aires e lá cozinhou mais. O resultado das experiências culinárias está no livro.

Há alguns dias, impulsionada pelo friozinho que tem feito em São Paulo, coloquei em prática o passo a passo de “canja sustança” de Lizandra. Foi um sucesso. Meu filho comeu, lambeu o prato e repetiu. Eu e meu marido também repetimos (só não lambemos o prato porque a educação já tirou de nós essa espontaneidade). E ainda sobrou um tanto que guardei no congelador para outra noite de inverno.

Compartilho a seguir a receita do livro. Para você também se sentir bem cuidado.

Ingredientes
600 gramas de sobrecoxas de frango sem pele e com osso
Sal, pimenta, orégano, salsinha a gosto
Azeite ou óleo vegetal
1 cebola bem picada
1 talo de salsão
2 xícaras de arroz
1 cenoura cortada em rodelas grossa, mais 2 cenouras em cubinhos
2 batatas cortadas em cubinhos
2 ovos, opcionais, para acrescentar no fim
Parmesão para servir

Modo de preparo
Tempere o frango com sal e pimenta e refogue no óleo ou no azeite, deixando dourar um pouco de todos os lados. Acrescente a cebola picada, o salsão e a cenoura em pedaços grandes, e refogue mais um pouco. Cubra com água filtrada, acrescente uma pitada de orégano, sal e pimenta a gosto e leve para cozinhar por meia hora na panela de pressão ou cerca de 45 minutos em uma panela normal.

Quando estiver bem cozido, retire o frango com cuidado (a carne deve estar se soltando dos ossos), jogue fora o salsão e a cebola e reserve o caldo. Deixe o frango esfriar até conseguir manipulá-lo e, então, desfie, tirando com cuidado as cartilagens e os ossos. Devolva à panela e acrescente o arroz e a cenoura em cubinhos. Deixe cozinhar por mais uns 15 minutos, acrescente os outros legumes e cozinhe até que fiquem macios.

Se quiser que o caldo fique mais grosso, bata dois ovos com o garfo e acrescente um pouco de parmesão (cuidado com o sal). Despeje sobre a sopa fervendo e mexa bem.

Sirva em cumbucas com parmesão ralado por cima e salsinha picada, se gostar.

(Nota: ao longo do cozimento, acrescentei mais água quente, porque tinha colocado pouco líquido antes e a sopa estava muito grossa. Quanto ao ovo, eu e meu marido testamos colocar gemas cruas em cumbucas individuais na hora de servir – ficou bem gostoso. Para nosso filho, que só provou o prato no dia seguinte, misturamos o ovo inteiro no caldo fervente.)

Rendimento: 10 potes de 400 ml.

O livro A Vida é Sopa reúne os experimentos de Lizandra na cozinha

Sopa gelada de cajá-manga

 Um sobremesa de fruta refrescante, delicada e linda
Sopa de cajá-manga com chips de abacaxi, sorbet de maracujá e suspiros: uma sobremesa refrescante, delicada e linda (foto: divulgação)

Nos últimos tempos publiquei por aqui várias receitas para encarar os dias de calor. Insisto no tema. Até porque esta sopa de cajá-manga é daquelas sobremesas para as quais vale a pena reservar um pedaço da fome. Azedinha e refrescante, ela faz parte do menu especial de verão que o restaurante Cantaloup serve até sábado (31 de janeiro). Vem acompanhada de sorbet de maracujá, chips de abacaxi (gostoso e lindo) e merengue de laranja de uma delicadeza só.

Brenda Freitas, que comanda a confeitaria do restaurante, passou ao Caderno de Receitas o passo-a-passo da sopa, do chips e do merengue, mas aconselhou comprar o sorbet, pela dificuldade de fazê-lo sem uma máquina de sorvetes. Meu conselho: se estiver sem tempo ou paciência, prepare só a sopa, que já vai ser uma delícia.

Ingredientes da sopa
200 gramas de polpa de cajá-manga
½ xícara de açúcar refinado
5 colheres de chá de suco de laranja

Modo de preparo da sopa
Bata tudo no liquidificador e sirva bem gelado.

Ingredientes dos suspiros
100 gramas de claras de ovos (ou claras de três ovos grandes)
200 gramas de açúcar refinado
80 mililitros de água
Raspas de duas laranjas

Modo de preparo dos suspiros
Faça uma calda com o açúcar e a água. Quando começar a ferver e engrossar um pouco, bata a calda com a clara até ficar em ponto de neve. Jogue as raspas de laranja e mexa.
Com ajuda de um saco de confeitar, aplique a mistura em um silpat (tapete de silicone que vai ao forno) ou em uma assadeira coberta de papel-manteiga.
Asse os suspiros em forno bem  baixo (100 graus) por aproximadamente duas horas, até ficarem seco por fora e úmidos por dentro.

Ingredientes dos chips
¼ de abacaxi
Acúcar de confeiteiro para polvilhar

Modo de preparo dos chips
Fatie a fruta em fatias bem fininhas. Deixe secar em folhas de papel por aproximadamente duas horas.
Disponha as fatias cuidadosamente em um tapete de silicone ou em uma assadeira coberta de papel-manteiga e cubra-as com açúcar de confeiteiro peneirado.
Asse em forno baixo (100ºC) por duas horas. Deixe esfriar então guarde em um pote hermeticamente fechado.

Montagem
Na hora de servir, coloque um chips de abacaxi, dois suspiros e uma bola de sorbet sobre a sopa. Se quiser, decore também com flores e brotos.

Sopa fresca de vegetais

Sopa Walita - sopa morna de vegetais - Foto O Caderno de Receitas

Poucas coisas remetem mais ao aconchego de um lar do que um prato de sopa. Esta de vegetais que eu vou ensinar hoje era uma das favoritas dos jantares da minha infância – compete com a de feijão, a de letrinhas e o caldo verde; com certeza ganha daquela de legumes batidos até todos os gostos virarem uma coisa só.

Recentemente, em uma visita da minha mãe à minha casa, nós folheamos o caderno de receitas dela e eu escolhi esta para fazermos juntas. Como os vegetais, com exceção da batata, são adicionados crus, em temperatura ambiente, a sopa não é muito quente, então cai bem em uma noite de primavera. Serve como entrada ou prato único e é simples mesmo de fazer. Basicamente, é só cozinhar umas batatas e bater o caldo com os vegetais – não por acaso, minha bisavó Maria, mãe da minha avó paterna, aprendeu a preparação em um curso de uma marca de liquidificadores.

Com certeza vou repetir a receita. Só aconselho cautela para fazê-la em uma noite romântica, porque o sabor pungente do alho-poró, que eu adoro, para alguns pode não ser o melhor tempero de beijos.

Ingredientes da Sopa Walita

Ingredientes

4 batatas

50 gramas de parmesão

1 ou 2 cenouras em pedaços

1 ou 2 talos de alho-poró

Um pouco de cheiro-verde

1 tomate cortado em 4

1 colher de manteiga

Sal

Pimenta-do-reino

Modo de preparo

Cozinhei a batata em pedaços em uma pequena quantidade de água e sal (líquido suficiente para cobri-las).

Ralei com um mixer (mas você pode usar o liquidificador – é que o meu quebrou) o parmesão, a cenoura, o alho-poró e o cheiro-verde. Em seguida, juntei a batata e a água do cozimento e bati junto com os outros ingredientes. Por último, adicionei o tomate e bati.

Como a sopa estava um tanto grossa, juntei um pouco de água quente. Finalizei com a colherada de manteiga e mexi.

Ao servir, ajustei o sal e acrescentei um pouco de pimenta-do-reino ralada na hora.