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Panqueca de iogurte e maçã verde da chef Morena Leite

Panqueca de iogurte e maçã verde da chef Morena Leite

O café da manhã da pousada dos pais em Trancoso, na Bahia, era a ocasião perfeita para Morena Leite, ainda criança, colocar em prática um de seus passatempos prediletos: prestar atenção no jeito de falar e de comer dos hóspedes de diferentes partes do Brasil e do mundo. Hoje, aos 34 anos, à frente dos restaurantes Capim Santo e Santinho, em São Paulo, a chef gosta especialmente da primeira refeição do dia por ser um tempo que consegue dedicar a sua filhinha de 5 anos. Um momento diário para saborear comida gostosa em ótima companhia.

Fiquei sabendo um pouco mais sobre a história e a rotina de Morena ontem, em um evento da marca de utensílios de cozinha Le Creuset. Durante uma aula da chef, preparei três pratos de café da manhã. Primeiro, uma tapioca de goiabada com queijo gratinado na borda (o segredo para conseguir o efeito gratinado é, ao rechear o disco, deixar de propósito o queijo na beirada, caindo um tanto na frigideira). Depois, fritei panquecas de maçã verde bem gordinhas, provavelmente as melhores panquecas que já fiz ou comi (e olha que já participei de uma aula de crepes na escola de culinária Le Cordon Bleu, em Paris). Por último, ficaram prontos os pães de queijo, que comi com requeijão (Morena costuma fazer isso em casa) e doce de leite – eu não ia regular calorias no meio dessa festa, né?

Hoje publico aqui a receita de panqueca. Simples e gostosa, serve tanto para começar um domingo preguiçoso como para se entregar a um capricho sem culpa de dia de semana.

Rendimento
10 porções

Ingredientes
1 pote de iogurte natural
2 ovos
2 colheres de sopa de manteiga amolecida
2 colheres de sopa de açúcar
½ colher de sopa de raspas de limão (só a parte verde, porque a branca dá um gosto amargo)
1 xícara de chá de farinha de trigo  (se os ovos forem muito grandes ou muito pequenos, será preciso aumentar ou diminuir a quantidade de farinha)
1 colher de sopa rasa de fermento em pó
1 pitada de sal
1 maçã verde ralada (pra falar a verdade, na aula usei o dobro disso e achei que ficou ótimo)

Modo de preparo
Em uma tigela, misture o iogurte com os ovos. Acrescente a manteiga, o açúcar, as raspas de limão e a maçã ralada, depois, aos poucos, a farinha de trigo, o fermento e o sal.

Aqueça uma frigideira antiaderente untada com um fio de óleo. Despeje pequenas porções da mistura, fazendo discos altos (depois de despejar, use uma espátula para ajustar o formato arrendondado). Aguarde alguns minutos, até que comece a dourar e desgrudar do fundo da frigideira, então vire e doure o outro lado.

Sirva imediatamente, com um pouco de mel.

Creme gelado de morangos do caderno da minha avó Viquinha

creme de morango

Em sua última visita, minha mãe me trouxe (emprestados, eu sei, mãe e tias) os cadernos de receitas da minha avó Viquinha, responsável por algumas das minhas melhores memórias culinárias. Nos almoços da casa da vó Viquinha, saboreei delícias que iam do molho de salada com pedacinhos de ovo a assados bem feitos e levíssimos ovos nevados. Também aprendi bons modos, como esperar autorização dos adultos para sair da cadeira, não demonstrar impaciência (o que me obrigava a escutar longas histórias, às vezes interessantes, às vezes entediantes) e jamais colocar os cotovelos sobre a mesa – hoje, quando eu quebro essa regra (sim, eu quebro), lembro da demonstração da minha avó: “Sempre (braços bem para baixo, quase que só os punhos sobre a mesa), de vez em quando (o meio dos antebraços encostado na borda), nunca (cotovelos apoiados)”.

A partir de agora, além do caderno da minha mãe, vou testar os três cadernos da minha avó. É receita à beça, e estou empolgada em me aventurar na culinária de mais uma geração (se bem que muito pratos preparados pelas duas vêm de muito antes e foram passados no boca a boca, ou de caderno em caderno, desde sei lá quando).

Para começar, escolhi um creme frio de morangos que não me lembro de ter comido antes, mas que parecia combinar com a minha falta de tempo, as duas caixas da fruta compradas na feira orgânica do Parque da Água Branca e a temperatura de 35ºC que fez hoje em São Paulo.

Fiz um quarto da receita – minha família reduzida não precisa de mais doce do que isso. Ficou gostosa e, de fato, refrescante. Um pouco mais líquida do que eu imaginava, mas, revendo os ingredientes, acredito que seja assim mesmo. Para completar o momento nostalgia, coloquei o creme nas taças de cristal que herdei da minha avó. Aconselho servi-lo desse jeito, para tomar aos golinhos.

Com a polpa que sobrou depois que eu passei os morangos na peneira, preparei uma geleia. E desta vez acrescentei um pouco de suco de limão, como aconselhou minha ex-vizinha e leitora Gisela na primeira vez que fiz esse doce.

Cadernos de receitas da Vó ViquinhaIngredientes
2 caixinhas de morangos (cerca de 500 gramas)
100 gramas de açúcar (é um pouco menos que o original, mas já ficou bem doce)
250 ml de leite frio
125 ml de creme de leite (a receita não especificava, eu usei o fresco. Se quiser, segundo a receita, você também pode usar só leite – seriam 375 ml no total -, mas eu acho que o doce ficará ainda mais líquido)

Modo de preparo
Lavei bem os morangos, cortei as folhas e os amassei bem com um pilão. Misturei a fruta com o açúcar e deixei a infusão na geladeira por uns 20 minutos.

Passei a fruta amassada por uma peneira, espremendo bem. Reservei a polpa que sobrou para fazer uma geleia mais tarde.

Juntei o leite e o creme de leite à fruta e misturei tudo. Voltei um pouco o doce à geladeira para ficar bem refrescante e depois servi em taças de bebida.

PS. Se você também quiser compartilhar uma receita de família, mande para o email contato@ocadernodereceitas.com.br ou envie pela página d’O Caderno de Receitas no Facebook. Eu vou adorar recebê-la.

Brigadeiro ostentação de chocolate amargo suíço

Fim de semana é quando a gente decide que a dieta começa na segunda-feira, certo? Então vale fazer uma receita especial que eu servi no aniversário do meu filho e que apelidei de brigadeiro ostentação, por levar chocolate suíço (os outros docinhos eram abacaxizinho com coco e cajuzinho de amendoim).

A festa era pequena, então uma panela deu conta do recado e ainda sobrou um tanto para comer de colher no aconchego do sofá. Usamos 150 gramas de chocolate amargo Lindt, cuja barra de 300 gramas custa 42,69 no Pão de Açúcar online. Se quiser experimentar a receita com outro chocolate amargo mais barato, sinta-se à vontade (depois conte aqui como ficou).

De qualquer forma, fazer em casa é mais em conta do que comprar o doce pronto em lojas como a Madame Brigadeiro, serve uma unidade a R$ 3,70. Foi depois de provar lá uma ótima bolinha com chocolate Lindt que eu e meu marido resolvemos nos arriscar em uma versão caseira do tal brigadeiro gourmet. Ficou uma delícia, derretendo na boca e doce sem exagero. Para enrolar, no entanto, ele precisou ser refrigerado – em temperatura ambiente, estava mole demais.

Ingredientes

1 lata de leite condensado

1 lata de creme de leite fresco (medido na lata do leite condensado)

1 colher de sopa de manteiga

150 gramas de chocolate amargo em barra

Cacau em pó para enrolar (aqui em casa, temos implicância com granulado. E, já que era para caprichar, usamos cacau orgânico comprado em uma barraca da feira do Parque da Água Branca)

Modo de preparo

Coloque o leite condensado, o creme de leite, a manteiga e o chocolate em uma panela em fogo médio-baixo e mexa continuamente. Fica pronto quando, ao passar a colher no fundo da panela, você enxergar o fundo e o doce demorar um pouco para voltar a cobri-lo.

Se quiser enrolar, refrigere o brigadeiro. Em seguida, com as mãos untadas com manteiga, faça bolinhas do doce e passe-as em cacau em pó disposto em um pires.

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Metade desastre, metade delícia: cajuzinho de amendoim

O segundo docinho do aniversário do meu filho quase não entra no blog porque quase não entra na festinha. Mas, como salvei metade da panela (o resto virou um cimento grudado no fundo) e o gosto estava bom, tomei coragem para dar a receita aqui. Pretendo aprimorá-la em um próxima execução, então, se você tiver alguma dica, por favor deixe nos comentários.

O quase fracasso começou a se delinear ainda antes de eu colocar a mão na massa, na escolha do docinho de amendoim que eu iria preparar. O caderno de receitas da minha mãe tinha uma versão bem simples, com leite condensado, mas eu achei que essa era para fracos. Optei por outra, que levava açúcar, manteiga, chocolate em pó e ovos, e tinha a mais sucinta das preparações: misture e faça os cajuzinhos.

Leva ovo cru e não vai ao fogo? Liguei para a minha mãe. Ela já não se lembrava da receita. “Há tanto tempo não faço uma festa infantil…”, disse. “Mas você não vai servir ovo cru para as crianças, né?” Então tá. Coloquei a mistura em uma panela no fogão, fui mexendo e em alguns minutos percebi que a massa estava compacta demais, até difícil de virar com a colher. Pensei em acrescentar leite para dissolver, mas resolvi insistir nos ingredientes originais. Em compensação, pus metade do açúcar recomendado.

Errei. Da próxima vez vou colocar algum líquido na receita. E talvez mais açúcar para dar liga. Porque, depois de ficar na geladeira, a parte do fundo da panela tinha virado uma pedra. Em cima da hora da festa, enrolamos docinhos com a parte superior, que estava com um ótimo sabor de amendoim e chocolate.

A seguir, dou a receita original e falo das adaptações. Se você gosta de aprender com os erros dos outros, vá em frente.

Ingredientes
½ quilo de amendoim torrado e moído (ou batido no processador, como eu fiz)
½ quilo de açúcar (eu usei menos, mas isso pode ter afetado a textura do doce)
½ colher de sopa de manteiga
1 pires de chocolate em pó (calculei que um pires era mais um ou menos uma xícara e segui essa medida. Também substituí o chocolate por um cacau em pó orgânico que eu tinha na despensa)
3 ovos

Modo de preparo
O original só dizia para misturar. Seguindo meu instinto e instruções da minha mãe, levei ao fogo médio e fui mexendo por uns 20 minutos. Depois, mantive refrigerado até a hora de fazer bolinhas e colocar em formas de papel.

 

Abacaxizinho: doce de festa nas versões fácil ou quebra-coco

Um exército de abacaxizinhos: doces para quem gosta de doce

Quando deu 9 horas da noite de sábado, eu me joguei no sofá exausta como se tivesse dançado a noite toda. Ou como se tivesse enrolado dezenas de docinhos, decorado um salão, cuidado de uma criança de 2 anos (que se divertiu demais, mas caiu e machucou a boca em um momento de distração), recebido convidados. Em outras palavras, eu organizei uma festa infantil pela primeira vez e sobrevivi. Até gostei. Mas não tinha o menor pique para publicar nenhuma receita neste blog no fim de semana.

Agora, passados o cansaço e a agitação, vou começar a contar o que eu preparei para a festinha. Foi tudo muito simples (imagina se tivesse sido complicado!), meio à moda antiga. Eu e meu marido fizemos o que demos conta: três tipos de docinhos e duas receitas salgadas (a de berinjela ao forno eu já publiquei aqui). O bolo, de brigadeiro, foi comprado, assim como um punhado de pães de queijo – havia duas receitas de pão de queijo para testar, mas não tive tempo.

O primeiro docinho a entrar na linha de produção foi o abacaxizinho. Parecia fácil, e de fato é, se você não seguir meu exemplo de tentar abrir e ralar um coco sem habilidade e ferramentas adequadas.

A receita do caderno da minha mãe pedia um coco ralado, então eu comprei um coco. Vi na internet exemplos de como abrir um coco com martelo, então eu comprei um martelo e dei com ele no coco. Até aí funcionou. A dificuldade veio depois, para remover a carne da casca. Raspei com colher, cortei com faca, enfiei chave de fenda (a caixa de ferramentas já estava aberta, né?). Aos poucos, consegui tirar a polpa em pedaços, não sem machucar as mãos, e a bati no liquidificador – ralador a essa altura do campeonato, nem pensar. Mais tarde, na hora de enrolar os docinhos, decidi trocar o açúcar cristal por coco ralado, e comprei a versão em saquinho sem hesitar.

Ingredientes
2 abacaxis descascados
1 coco ralado (se você não tiver ralador de coco nem for masoquista, pode comprar o coco em saquinho ou ralado na feira)
900 gramas de açúcar (parece muito, e é. Tentei fazer com 300 gramas e não deu liga, então encarei as calorias e joguei os 600 restantes. Ficou bom, mas doce doce)

Modo de fazer
Bati o abacaxi em pedaços no mixer (a receita original mandava passar no moedor de carne, mas eu não tenho um moedor de carne). Juntei o açúcar e o coco ralado. Coloquei tudo em uma panela em fogo médio e, como minha mãe tinha me avisado, a casa se encheu de um cheiro de abacaxi e coco sensacional. Fui mexendo até o doce começar a despregar do fundo da panela.

Quando a massa esfriou, fiz bolinhas e passei por coco ralado (em vez de açúcar cristal como recomendava o passo a passo).


Para cozinhar mais: